domingo, 21 de dezembro de 2014

Manifesto da Oposição de Esquerda da UNE



Ampliar a luta pela educação, por mais direitos e fortalecer o movimento estudantil democrático e combativo


Na sexta-feira, 19/12, os coletivos da Oposição de Esquerda da UNE reuniram-se em São Paulo (SP), realizando um balanço das lutas de 2014 e preparando uma intervenção unitária em 2015.


Desde junho de 2013, as lutas da juventude e do povo ganharam força no Brasil. Há cada vez mais uma resposta organizada das ruas, com protagonismo juvenil e em aliança com os trabalhadores, às injustiças do país. 
Nos últimos 12 anos, observamos a consolidação de um projeto de governo em nível federal, que, agora, escancara seus limites e esgotamento. A chegada da crise econômica no Brasil demonstra os limites do modelo de crescimento dos governos petistas, baseado no consumo e no crédito. Para os próximos anos, já se anunciam pacotes de ajuste orçamentário no Brasil, que devem atingir em cheio o financiamento das áreas sociais em nome de manter os altos lucros do capital financeiro e dos capitalistas. Ao mesmo tempo, amplia-se uma crise política, em que nem governo, e nem a oposição de direita, consegue apresentar alternativas ao povo, assim como se expressa no atual escândalo na Petrobras e na relação corrupta de todos os partidos que compõe o governo Dilma e a hipócrita oposição tucana, com as grandes empreiteiras beneficiadas pelo esquema.

Os reflexos desta conjuntura na educação são claros. Após a consolidação dos principais projetos do governo para a educação universitária (REUNI, PROUNI e FIES), a situação do ensino superior no Brasil é precária. Sem um aumento do financiamento compatível com a expansão das vagas, a maioria das instituições tem sérios problemas estruturais que afetam as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A falta de financiamento para permanência estudantil é escandalosa e leva, cada vez mais, a que centenas de milhares de estudantes sejam obrigados a evadir, após conquistar a duras penas uma vaga na universidade. Se o governo não prioriza investir na educação pública, o ensino privado segue avançando intensamente no país, fazendo com que a educação seja tratada como mercadoria e que os bolsos dos principais conglomerados capitalistas da educação se encham de dinheiro. A indisposição do governo em aprovar o investimento de 10% do PIB na educação pública, imediatamente, é demonstração disso, assim como a insuficiência dos investimentos no PNAES, ainda muito distantes dos necessários 2,5 bilhões anuais. O governo brasileiro é, cada vez mais, inimigo da educação pública, como demonstra a possível nomeação de Cid Gomes (PROS) para o Ministério da Educação no segundo governo Dilma — logo Cid Gomes que teve atuações intransigentes e autoritárias junto a greve das universidades estaduais cearenses.

Os ajustes que se anunciam em 2015 afetarão em cheio a educação. A situação das universidades federais, estaduais e do conjunto das instituições de ensino no Brasil, enfrentará graves ataques, buscando fazer com que os e as estudantes e trabalhadores paguem por uma crise econômica da qual não somos culpados. Desde já, deixamos claro que não aceitaremos nenhum corte de investimento na educação pública. Estaremos na linha de frente da luta contra o ajuste, pela qualidade do ensino e pelo investimento na educação pública e gratuita.

Queremos também envolver todas as universidades do Brasil numa luta por mais direitos. Acreditamos que os e as estudantes devem ser aliados das lutas do povo e dos trabalhadores, que têm crescido desde 2013. Direitos como a saúde, o transporte, a moradia, os direitos democráticos, de combate às opressões racista, machista e LGBTfóbica. Para a Oposição de Esquerda, a luta do movimento estudantil é também por todas essas pautas e por mais direitos para os estudantes e para o povo.

Para concretizar tudo isso, nos apresentamos como uma plataforma dentro do movimento estudantil radicalmente democrática, aberta e que se opõe diametralmente às práticas ultrapassadas e burocratizadas da atual direção majoritária da UNE, ligada ao PC do B e ao PT e que nos últimos anos tem atuado como um braço de defesa do governo federal no movimento estudantil. O distanciamento da direção majoritária da UNE das principais lutas em curso e mesmo a falta de vida interna à entidade, como ficou claro no absurdo cancelamento do CONEB de 2015, são sintomas disso. Após junho de 2013, não há mais espaço para as práticas burocratizadas. Defendemos a democratização radical da unidade e queremos construir uma nova direção para a UNE, com independência e autonomia em relação a quaisquer governos e reitorias, preparando as lutas de 2015. Para esta tarefa, fazemos um chamado nacional à unidade não apenas dos coletivos da Oposição de Esquerda, mas também entre nós e os vários companheiros que estão na luta pelo país, dentro e fora da UNE.

Assinam: 
Katerine Oliveira – 1ª Vice Presidente da UNE
Camila Souza Menezes – Diretora Executiva de Direitos Humanos
Deborah Cavalvante – Diretora Executiva de Movimentos Sociais
Kauê Scarim – Diretor de Políticas Educacionais
Larissa Rahmeier - 2ª Diretora de Políticas Educacionais da UNE
Pedro Serrano – 1º Diretor de Universidades Públicas
Lucas Marcelino – 1º Diretor de Relações Internacionais
Gladson Reis – Diretor de Pagas da UNE
Natalia Bittencourt – 1ª Diretora LGBT da UNE
Anderson Castro – Diretor de Movimentos Sociais
Tadeu Lemos – 2º Diretor de Assistência Estudantil da UNE
Marcus Vinicius – 1º Diretor de Assistência Estudantil da UNE
Edísio Leite – 1º Diretor de Públicas da UNE
Laís Rondis – 1ª Diretora de Movimento Sociais
Diana Nascimento – Diretora de Mulheres UEE/SP
Felipe Alencar – Coletivo Construção
Mariana Nolte – Vamos à Luta
Movimento JUNTOS!
RUA – Juventude Anticapitalista
UJR – Rebele-se na UNE
Vamos à Luta
Coletivo Domínio Público
Coletivo Construção
JSOL – Juventude Socialismo e Liberdade
Reunião com todos os coletivos da Oposição de Esquerda da UNE, dia 19/12/2014, em São Paulo

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A luta contra a violência às mulheres*

Não há vida digna para as mulheres com violência e sem direitos: 25 de novembro, dia internacional contra a violência à mulher.

De Flávia Ribeiro**

Vivemos em uma sociedade na qual milhares de mulheres sofrem diversos tipos de violência todos os dias. Não podemos discutir essa violência separada do momento histórico em que vivemos. Mulheres lésbicas sofrendo “estupros corretivos”, mulheres negras e pobres morrendo devido a aborto inseguro, mulheres sendo rebaixadas em seu trabalho por serem mulheres, mulheres apanhando de seus companheiros dentro e fora de casa. Essa é a nossa realidade!
Dizer que não há machismo e violência contra a mulher nos dias de hoje é não entender que vivemos em uma sociedade de classes, desigual, que nos utiliza como mão de obra barata para manter a opressão a diversos setores da sociedade. Sabemos que esses mecanismos são utilizados pelo capitalismo para intensificar as opressões contra as mulheres. Nesse contexto, nós mulheres somos as que mais sofremos.
Nós denunciamos e combatemos a violência em nossa sociedade e sabemos que ela ocorre de várias formas: psicológica, sexual, simbólica, física, institucional, patrimonial, moral; e todas elas são resultado da ideologia patriarcal, que vê a mulher como inferior, um ser que não tem que ter direitos, é subalterna aos homens, à família, ao patrão e ao Estado.

Eleger uma presidente não é suficiente

No dia 26 de outubro, uma mulher foi reeleita à presidência do Brasil, numa disputa acirrada contra um homem machista e opressor, o candidato Aécio Neves. Há denúncias de que ele bateu em uma das suas ex namoradas e numa tentativa de intimidação, no meio de um debate televisivo, Aécio levantou a voz para Luciana Genro, candidata do PSOL, tentando desqualificá-la por ser mulher e até levantando o dedo para ela. Mas o fato de Dilma ter ganhado a presidência significa um avanço da luta feminista? Uma mulher no poder é um avanço na luta contra a violência às mulheres?
Infelizmente, não! Segundo a Auditoria Cidadã, o governo destinou 1 trilhão de reais (42% do orçamento da União) à dívida pública. Parte desse dinheiro poderia ter sido investido em prevenção e atendimento às mulheres vítimas de violência e em políticas de saúde pública e assistenciais para as todas as mulheres.
Além disso, ao contrário do que diz a propaganda do governo, o PT vem diminuindo os investimentos nas políticas públicas para mulheres. Entre 2004 e 2011, o governo federal gastou pouco mais de 200 milhões de reais na área – o que dá um gasto médio anual de 26 centavos para cada mulher brasileira.
Com isso, faltam investimentos nas não temos nenhuma das melhorias previstas pela Lei Maria da Penha, como Casas-Abrigo, Delegacias Especializadas, Centros de Referência, assistência médica às agredidas, que são medidas extremamente necessárias para a garantia de vida digna das mulheres vítimas de violência. A casa da mulher trabalhadora, prometida em março de 2012, sequer saiu do papel.
O resultado dessa falta de investimentos é que, na prática, a Lei Maria da Penha não teve um impacto significativo na redução do número de feminicídios – o assassinato de mulheres por conflito de gênero.

Por investimentos claros nas políticas assistenciais contra a violência a mulher, pela saúde da mulher e garantia de direitos!

É necessário ampliar os investimentos na Lei Maria da Penha e sua real aplicação; garantir a segurança de mulheres nos transportes públicos e condição de vida para a prevenção da violência. Ou seja, mais iluminação nas ruas, capina de terrenos baldios, mais vagões nos trens e metros, mais ônibus e em mais horários para não haver superlotação nos horários de pico; garantir o acesso à saúde pública gratuita de qualidade e poder decidir pela sua própria saúde; continuar na luta contra a violência de classes e desigualdades sociais, além da luta contra o genocídio da população negra.
Devemos construir uma Campanha Nacional, capaz de denunciar a atual situação, assim como organizar homens e mulheres para garantirmos a efetivação da Lei Maria da Penha, funcionamento das delegacias especiais, construção de casas abrigos e da Casa da mulher trabalhadora, em todas as cidades em municípios, além de garantia de orçamento público para sua efetivação.
Esta Campanha deve somar todos os movimentos de mulheres classistas, as camaradas do setorial de mulheres do PSOL, PSTU e o próprio MML. Só juntas teremos força de enfrentar tamanho desafio e lutar pelo direito das mulheres trabalhadoras.

• No Brasil, ocorrem 4,4 assassinatos a cada 100 mil mulheres. O país ocupa a sétima posição no ranking dos países com mais casos de feminicídio.
• Em 2011, segundo o Ministério da Saúde, ocorreram 12.087 casos de estupro no Brasil. Em 2012, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram 50.617 casos.
• Segundo o IPEA, a cada ano, 0,26% das mulheres brasileiras sofrem violência sexual.
•De acordo com o ILAESE, em 2013, houve 620 denúncias por cárcere privado e 340 denúncias de tráfico de pessoas.
• 72% das mulheres agredidas possuem algum vínculo afetivo com o agressor. Em 38% dos casos, o relacionamento já tem mais de dez anos. 77% das mulheres em situação de violência sofrem agressões semanalmente.
• 54% dos casos relatados são de violência física. 30% são de violência psicológica.
• 60% das mulheres mortas eram negras.

*Texto publicado no jornal Ofensiva Socialista nº23 nov-dez.
**Psicóloga, militante do Movimento Mulheres em Luta e do Coletivo Construção.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

20 de novembro, Dia da Consciência Negra: lutar contra o genocídio

Por João Pedro Militão (Coletivo Construção-SP)


As incessantes mortes motivadas pelo racismo vêm causando revolta e protestos pela juventude negra e trabalhadora nas periferias. Foi assim que se observou a explosão de movimentos contra a morte de Cláudia, Amarildo, DG, Ricardo e, infelizmente, uma longa fila de jovens como Douglas, da zona norte de São Paulo, que não tiveram chance de perguntar aos seus algozes antes de morrerem, “por que o senhor atirou em mim?”.
O enfrentamento contra o massacre da juventude negra, pobre e periférica ainda é um tema central para o movimento negro e levou a mobilizações como a Marcha Contra o Genocídio da População Negra, que ocorreu em agosto de 2014 em mais de 22 estados.
A campanha levantava a resistência do povo negro dizendo “Reaja, ou será morto! Reaja, ou será morta!”. Esta não é uma fala nem um pouco exagerada. Segundo o Mapa da Violência 2014, entre os negros, as vítimas de homicídio aumentaram de 29.656 para 41.127 entre 2002 e 2012: um crescimento de 38,7%.
Os militantes do movimento negro e antirracista puderam observar mudanças minimamente efetivas nas suas realidades em relação à questão da visibilidade da cultura afro-brasileira e africana nos últimos tempos, mas as políticas públicas nesse sentido nunca foram suficientes.

Cortes de verbas para combate ao racismo
Diante do quadro de crise, os governos do PT e PSDB, da esfera federal até a municipal, vêm cortando sistematicamente as verbas das políticas sociais que beneficiam a população negra e também os investimentos nas secretarias contra a discriminação racial.
Por exemplo, a SEPPIR, Secretaria de Políticas para Igualdade Racial do Governo Federal, teve um corte de 15 milhões (26%) do seu orçamento em relação a 2009/2010. Além disso, só pode fazer gastos até 46% do seu orçamento.

A crise aprofunda o genocídio
A crise mundial que começou em 2008 atingiu mais as camadas sociais e as regiões mais precarizadas dos trabalhadores. E foram nesses lugares que a reação da população aumentou mais. Por isso, a violência policial e nas comunidades continuam a aumentar, principalmente em estados do nordeste como Maranhão, Bahia, e Rio Grande do Norte, onde as taxas de morte de negros mais que triplicaram. Essa violência também alcançou níveis altíssimos em outros estados da região, como Alagoas, Ceará e Paraíba.
A luta dos negros deve ser organizada a partir das suas realidades e na construção de uma alternativa independente de trabalhadoras e trabalhadores negros e antirracistas que impulsionem lutas contra as políticas de arrocho que estão sendo aplicadas. 
É preciso enfrentar o mito da democracia racial, lutar pelo fim da guerra às drogas, alavancar a luta pela desmilitarização da polícia militar, lutar pelo fim da violência contra a mulher, contra o encarceramento em massa de negras e negros e pelo direito à terra e moradia de sem-tetos, sem-terra, quilombolas, indígenas e populações tradicionais.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Entre a seca e a falta de água

Seca é uma coisa, falta de água é outra. Com uma boa gestão dos recursos hídricos é possível passar por uma seca sem que isso signifique falta d’agua. O governo do estado não está mentindo quando aponta que São Paulo está passando por uma seca intensa e de grandes proporções. Dados do Instituto de Atronomia e geofísica da USP apontam que esta foi a temporada com menos chuvas desde 1969. É o 13º ano mais seco desde 1934, quando as medições começaram e a pior desde 1973, quando foi criado o sistema cantareira. Segundo o instituto nacional de meteorologia o volume acumulado de chuva na cidade de São Paulo em outubro de 2014 foi de 25,2 mm, quando a média normal para o mês é de 128,00 mm considerando o período de 1943 à 2014.
Apesar da forte seca, a falta de água pela qual passa a população do estado era totalmente evitável. Em 1994, a própria Sabesp alertava sobre futuros períodos de escassez, em 2003 São Paulo enfrenta também uma grande seca, neste ano o cantareira atingiu 1,6% de sua capacidade total. No ano seguinte, 2004, houve a renovação da autorização para Sabesp retirar água dos rios Piracicaba Capivari e Jundiaí, que alimentam o sistema cantareira, e o Departamento de Águas e energia Eletrica (DAEE), que é quem concede ou não a autorização, exigiu que para isso a Sabesp criasse planos de ação para épocas de estiagem prolongada, além de medidas para reduzir a dependência do sistema cantareira. Porém, nada do que foi exigido foi de fato cumprido nos anos seguintes. Nesta época o governador do estado de São Paulo era o próprio Geraldo Alckmin, que apesar de ter enfrentado a seca em 2003, não realizou, nestes 11 anos, as ações necessárias para evitar o desabastecimento em períodos de seca.
Apesar da Sabesp ter tido lucros altíssimos, os investimentos necessários não foram feitos. A última estação de tratamento de água construída no estado foi a 20 anos atrás, em 1993. Há 20 anos o PSDB está no governo do estado de São Paulo e neste tempo todo não construiu uma outra estação. Por outro lado, a Sabesp, nos últimos cinco anos acumulou um lucro líquido de 8 bilhões de reais, destes pelo menos 2 bilhões foram para acionistas. 
Além disso, há muito desperdício: Cerca de 24% da água se perde no processo de distribuição, ou seja, quase ¼ da água nem chega a sair das torneiras dos paulistanos. Em parte, a causa disso é que a tubulação é velha, há partes grandes com mais de 30 anos e algumas com mais de sessenta anos. Apesar de ser comum a perda de volume d’agua, as porcentagens em geral são bem menores. Japão, por exemplo, tem uma perda de apenas 7%.
Segundo o especialista em engenharia de saneamento e membro da oposição alternativa do Sintaema, Marzeni Pereira, esse desperdício ocorre devido à terceirização dos serviços da Sabesp, pois, para reduzir custos, a manutenção é feita sem seguir as normas de qualidade. Além de perder qualidade esses serviços saem mais caro do que sairiam se realizados pela própria Sabesp.
As empreiteiras que realizam estes mesmo serviços precários acabam pro serem contratadas novamente para realizar novas manutenções, criando uma dependência destas empreiteiras – que não por acaso são grandes doadoras das campanhas do PSDB e aliados no estado.
A falta de água no estado de São Paulo, que já atinge dezenas de milhões de pessoas, é um caso que ilustra claramente os danos da privatização. 50,3% das ações da Sabesp são do estado, o resto estão nas mãos da iniciativa privada e na prática isso resulta em uma inversão de valores, ao invés de prezar pela garantia da água à população, garantindo saúde e respeito ao meio ambiente, o objetivo torna-se o lucro. Nesta lógica o investimento torna-se menos importante que o envio de bilhões de reais aos acionistas.
Mas, além disto, tem outro aspecto que tem de ser denunciado, que é a posição do governo federal em relação à falta de água. Visando a reeleição o governo deixou de tomar medidas mais claras em relação à água, como racionamento, campanhas de economia junto a empresas, produtores rurais e cidadãos, e etc. O governador teve o cinismo de afirmar em sua campanha que não há e que não haveria falta de água em São Paulo, ignorando, inclusive, casos de falta de água que já estavam ocorrendo em alguns bairros menos centrais da capital e em outras cidades. 
Além disso, áudio de uma reunião da diretoria da Sabesp divulgado recentemente evidencia que havia uma política de não realizar grandes campanhas de conscientização sobre o uso da água. Obviamente que o objetivo desta política interna da Sabesp era evitar que isso afetasse o desempenho eleitoral de Alckmin.
Para nós do Coletivo Construção a postura do governador de São Paulo é criminosa. A água é um bem essencial à vida e fundamental para a população, não pode ser secundarizada em relação ao lucro ou aos interesses eleitorais de um partido.
Acreditamos que o momento é de ocupar as ruas denunciando o Alckmin e sua política privatista além de exigir medidas que atendam às necessidades da população. É preciso que se decrete estado de emergência e em conjunto com a população seja feito um plano de racionamento, pois hoje a água falta nos bairros pobres, mas não nos bairros mais ricos ou para as empresas. É preciso que o governo, como medida emergencial, garanta distribuição de água via caminhões-pipa ou outros meios aonde necessário e regule o preço da água nos mercados. 
Além disso é crucial exigir a reestatização da Sabesp sob controle dos trabalhadores, é inaceitável que lida com um bem tão fundamental à vida como a água fique submetida à sede de lucro do interesse privado. É necessário que seja investido na construção de novas estações de tratamento de agua, na preservação de nascentes, em despoluição de rios, em campanhas contra o desperdício por empresas e grandes produtores rurais, entre outras medidas.
Construa atividades, comitês em sua cidade, no seu bairro, na sua universidade, organize panfletagens, colagem de cartazes, atos e mobilizações.
Água não pode ser mercadoria!



sábado, 1 de novembro de 2014

NOTA DE REPÚDIO PELA PERSEGUIÇÃO E PUNIÇÃO DA DIREÇÃO DO INSTITUTO DE HUMANIDADES E SAÚDE DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RIO DAS OSTRAS DA UFF

O Coletivo Nacional Construção assina a nota de repúdio feita pela direção do Instituto de Humanidades e Saúde do campus universitário de Rio das Ostras da UFF, em decorrência do evento que ficou conhecido como ''xereca satânica'' no mesmo campus e a resposta moralista e autoritária oferecida pela reitoria da UFF.

NOTA DE REPÚDIO PELA PERSEGUIÇÃO E PUNIÇÃO DA DIREÇÃO DO INSTITUTO DE HUMANIDADES E SAÚDE DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RIO DAS OSTRAS DA UFF

Em defesa da autonomia acadêmica docente!
Como é de público conhecimento, no mês de maio de 2014, ocorreu, na área externa do Campus Universitário de Rio das Ostras da Universidade Federal Fluminense, um evento performático de encerramento do “II Seminário sobre Corpo e Resistência”, organizado por um grupo de pesquisa cadastrado no CNPq, vinculado ao Departamento de Estudos Culturais - um dois cinco (5) Departamentos que compõem o Instituto de Humanidades e Saúde (RHS). A referida performance causou polêmicas e acusações, alimentando posturas conservadoras dentro e fora da UFF, potencializadas pela intervenção de uma imprensa local e nacional sensacionalista; imprensa esta que nunca se disponibilizou com tanta prontidão para dar visibilidade às nossas lutas e denuncias pelas precárias condições de estudo e trabalho que enfrentamentos diariamente neste Campus.

A reitoria fazendo eco às denuncias duvidosas provenientes dessas fontes, numa atitude persecutória e arbitraria, disponibilizou a Ouvidoria desta Universidade para receber qualquer tipo de denuncias – como constava na página da UFF –, assim como nomeou uma comissão de sindicância para apuração dos fatos. Ainda que, até os dias de hoje, o relatório final desta comissão não tenha sido disponibilizado para os professores e alunos envolvidos no processo, nem para a comunidade acadêmica local, tomamos conhecimento do parecer final do documento produzido e da instalação de um processo administrativo disciplinar e nomeação de comissão que dará prosseguimento ao mesmo.
O referido processo solicita ações administrativas disciplinares contra professores e alunos envolvidos no processo, tendo como alvo destacado a Direção do Instituto de Humanidades e Saúde.

Cabe esclarecer que a realização do Seminário com a temática “Corpo e Resistência” – que consistiria na apresentação de diversas atividades acadêmicas, encerrando com uma performance artística –, foi autorizada pela Direção deste Instituto, pois não cabe a ela julgar o mérito acadêmico das propostas dos professores, reconhecidos pelas instâncias de fomento à produção científica mais relevantes da academia brasileira nas suas áreas de atuação, que com os devidos avais departamentais e de suas coordenações de curso propõem atividades e eventos.
Este processo constitui um desrespeito à autonomia acadêmica docente; reproduz lógicas de perseguição e argumentos moralistas contra uma atividade de um grupo de pesquisa que não utilizou nenhum conteúdo xenófobo, racista nem machista; cobra do gestor deste Instituto uma postura de fiscalização e monitoramento do trabalho dos seus pares – numa perspectiva que viola a liberdade de produção do conhecimento científico – sugerindo sua punição por não ter aceitado o cumprimento deste papel inquisidor e de censura. Consideramos que a Universidade é um espaço diverso e democrático, onde deve prevalecer a liberdade de expressão e a pluralidade de ideias; jamais a censura. Por principio, somos a favor da liberdade de expressão e da autonomia docente.

A direção deste Instituto, nos seus quatro anos de gestão, vem sendo protagonista na defesa e na luta por condições de trabalho e estudo dignas para a comunidade acadêmica como um todo. Por esse motivo, repudiamos qualquer ação de punição e medidas disciplinares proferidas contra os envolvidos no processo e o Diretor do Instituto de Humanidades e Saúde, Professor Ramiro Dulcich.''

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Movimento estudantil brasileiro em apoio à luta de Guerrero no México

Nós, de diversos coletivos de juventude e entidades representativas dos estudantes brasileiros, expressamos por meio dessa nota todo apoio ao povo mexicano que segue protestando contra o brutal desaparecimento forçado dos estudantes cometido em Guerrero, no sul do México. Exigimos a imediata apuração e punição dos responsáveis por este crime, assim como declaramos nossa solidariedade às famílias das vitimas.
No dia 26 de setembro, oitenta estudantes sofreram uma brutal repressão enquanto realizavam uma viagem de ônibus para coleta de dinheiro para pagar a escola, resultando no desparecimento de 43 corpos, após prisão realizada pela polícia municipal da cidade. Ao que tudo indica, estes corpos foram sequestrados por polícias paramilitares que atuam com conivência do atual governo mexicano na região.
A criminalização dos movimentos sociais e o extermínio de jovens acontecem em todo mundo e é central a nossa solidariedade internacional para que cena como essa não se repitam. Cotidianamente jovens são mortos pelas mãos das polícias, que praticam verdadeiros genocídios nas periferias das grandes cidades, fazendo da população pobre reféns do Estado e não podemos aceitar que mais uma vez crimes como esses aconteçam sem que nenhuma atitude seja tomada por parte dos nossos governantes.
Em defesa dos estudantes, dos direitos humanos e por investigação e justiça, todo apoio aos jovens mexicanos! Viva a luta da juventude latino-americana!
Assinam a nota
UNE – União Nacional dos Estudantes
ANEL – Assembleia Nacional dos Estudantes Livre
Movimentos de Juventude
JUNTOS! Juventude em Luta
Rua – Juventude Anticapitalista
Vamos à luta
JSOL
UJR
Coletivo Construção
Levante Popular da Juventude
Executivas de curso:
FENED – Federação Nacional dos Estudantes de Direito
CONEP – Coordenação Nacional de Estudantes de Psicologia
FeNEA – Federação Nacional dos/das Estudantes de Arquitetura e Urbanismo
AMERI – Articulação Nacional do Movimento Estudantil de Relações Internacionais
Eneenf – Executiva Nacional dos estudantes de enfermagem
União Maranhense dos Estudantes de História
Diretórios Centrais dos Estudantes:
DCE Livre da USP
FURG
DCE Josias Morais – Universidade Estadual do Maranhão – Campus Imperatriz
DCE-UCB – Universidade Católica de Brasília
Diretório Central dos Estudantes da UFPI
DCE UFMS
DCE UFAL
Fórum dos alunos dos IESP/UERJ
Grêmios:
ZETTA- Colégio ITACA/SP
CAs e DAs
Cacau – Diretório Acadêmico de Design, Arquitetura e Urbanismo da UFC
CentrAU – Centro Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco)
CACAU – Centro Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da UNIDERP
CAAU – Centro Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da UFMS
GUIMA – Centro Acadêmico Guimarães Rosa de Relações Internacionais da USP
Diretório Acadêmico de Direito Profª Fides Angélica – DADIFA (ICF/PI)
CARI Barão do Rio Branco (Relações Internacionais PUC-SP)
CALC (ECA/USP)
CAHIS (História USP)
Centro Acadêmico de Direito Rui Barbosa – UCB
Centro Acadêmico de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Capsi UFMS
Centro Acadêmica de Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados – CAPsi/UFGD
CA 22 de Agosto- Direito PUC SP
Centro Acadêmico de Psicologia do IBMR
Centro Acadêmico de Letras Clarice Lispector – PUC-SP
Centro Acadêmico Grasiela Barroso – Enfermagem UFC
Centro Acadêmico Livre de Economia UFES
Centro Acadêmico Livre de Biblioteconomia da UFES
CAdePetro – Centro Acadêmico de Engenharia de Petróleo – UFES
Diretório Acadêmico 17 de Março UFES
Centro Acadêmico de Licenciatura em Ciências Biológicas da UFES – CALIBIO
CACiS – Centro Academico de Ciências SOciais UERJ
Centro Acadêmico de Engenharia de Produção – CEUNES/UFES
CACAU – Centro Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB
CARLF – Centro Acadêmico Roberto Lyra Filho, Direito UFES
CAPsi-UFAL
CA 22 de agosto – Direito PUC-SP
Diretório Acadêmico da Escola de Arquitetura da UFMG
CAZACAU – Centro Acadêmico Zanine Caldas de Arquitetura e Urbanismo

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Abuso de poder não é segurança! Chega de tortura aos estudantes da UFRN!

CONVOCAMOS TODOS A COMPARECER A ASSEMBLÉIA E OCUPAR A REITORIA DA UFRN! 
QUINTA-FEIRA 16/10 às 17:30.

Mais uma vez, as Reitorias mostram sua real intenção na garantia de "segurança" nas universidades, com um projeto de educação para privilegiados e de criminalização e tortura a estudantes.


Na última quinta feira, dia 9 de outubro, um estudante de Ciências Sociais chamado Marcos Luís foi torturado em pleno horário de aula ao transitar entre setores. No ato, foi arrastado pelos cabelos, sua boca foi entupida de areia pelos opressores assim como também foi algemado e golpeado de forma truculenta. Essa ação aconteceu exatamente no espaço de convivência do setor II ao observar os "seguranças" da GARRA e da DSP (Departamento de Segurança Patrimonial) depredando o patrimônio da universidade e, sobretudo, um espaço de convivência construído de forma autônoma pelos estudantes.

A mesma dita "segurança", que já se envolve em diversos escândalos de violência dentro do âmbito acadêmico, chegou ao cúmulo do intolerável: praticou, sob NENHUMA justificativa, o abuso de violência contra Marcos - transeunte e, coincidentemente, aluno da UFRN - que se recusou a obedecer os excessos autoritários de seus opressores. Esse caso indignante evidencia o fracasso dessa política de segurança sendo causa da mobilização para denunciar esses repetitivos excedentes constrangedores para a comunidade.


Apesar das nossas responsabilidades estudantis, estamos aqui para comunicar, externalizar e divulgar para todo corpo estudantil, depois de dois anos da última ocupação da reitoria, a ineficiência das medidas adotadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que há muito tempo se mostram incapazes de oferecer proteção a todxs as pessoas que vivem, trabalham, estudam e convivem dentro do Campus.


A reunião realizada na tarde de ontem (15-10-2014) na sala dos colegiados superiores, com a presença dos estudantes, da reitora Ângela Paiva, os pró-reitores, procuradores da universidade, diretores de centro, corpo docente e representantes da segurança universitária, não obteve grandes avanços quanto às questões levantadas por aqueles que se sensibilizaram com a causa do Marcos Luís. Como fruto disso, partidos e movimentos sociais, centros e diretórios acadêmicos, DCE, autônomos, anarquistas decidiram (re)ocupar a reitoria devido aos constantes casos de abuso de autoridade, resultado de uma política opressora que vemos fora e dentro do ambiente universitário.


Diante disso, convocamos toda a comunidade acadêmica a rediscutir a politica de segurança da UFRN, buscando sua reformulação através de um amplo debate e espaço de elaboração de novas propostas que visem o respeito aos inviduos e contemplem a tolerância a diversidade dos sujeitos politicos e sociais que frequentam essa instituição. Nesse sentido, ocorrerá uma assembleia, nesta quinta-feira (16/10), às 17:30h, na reitoria, para que possamos discutir e definir uma pauta de reinvidicações que possam viabilizar uma mudança concreta nos paradgmas de segurança do CAMPUS universitário, além de se somar à ocupação contra a política de repressão aos estudantes vinda da reitoria.


ASSEMBLEIA (16/10), ÀS 17:30H, NA REITORIA DA UFRN

terça-feira, 8 de julho de 2014

Liberdade a Fábio Hideki e Rafael Marques

Fabio Hideki e Rafael Marques são dois presos políticos do estado de São Paulo. Eles são acusados de formação de quadrilha, incitação ao crime e Fabio, além destas, também é acusado de portar explosivos.

Fábio teria supostamente sido preso em Flagrante, porém há um vídeo dos polícias revistando sua mochila no momento em que ele é detido e nenhum explosivo é encontrado. O que fica flagrante mesmo é que a polícia plantou um explosivo na mochila de Hideki para tentar incriminá-lo, afinal, a polícia precisa mostrar serviço e dizer que puniu alguem após a ação de black blocks na concessionária no dia 19 de Junho

A realidade é que essas prisões são a expressão do aprofundamento do caráter anti-democrático de nosso país, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro.

Uma realidade em que se indignar e lutar por direitos e justiça é crime, em que a juventude e toda classe trabalhadora é criminalizada por seguir seus sonhos.

Nós, do Coletivo Construção, repudiamos veementemente a prisão dos dois lutadores. Não apenas pela barbaridade do ato em si, mas o que representa a uma sociedade.

Não são poucos os casos de detenções injustificadas, de policias plantando provas, de violência policial, de abuso de autoridade e etc. Tudo em nome de reprimir lutadores proteger a burguesia e os governantes que são seus aliados.


  • Pela libertação de Fábio Hideki e Rafael Marques!
  • Pela Desmilitarização da polícia!
  • Contra todas as formas de criminalização dos lutadores




segunda-feira, 16 de junho de 2014

Todo apoio aos metroviários! Reintegração imediata dos 42 demitidos!

Os metroviários de São Paulo deram um exemplo de coragem e disposição de luta nos cinco dias de greve que protagonizaram.

A greve expôs o drama cotidiano de milhões de paulistanos que sofrem nas plataformas e vagões superlotados enquanto uma verdadeira quadrilha formada por representantes do Estado e grandes empresas multinacionais roubou por anos o dinheiro público.

A luta dos metroviários também deixou bem claro para quem a Justiça dos patrões e governos opera e que está a serviço da garantia de direitos para a pequena parcela das elites econômicas que exploram e oprimem milhares de trabalhadoras e trabalhadores e sucateiam os direitos básicos como saúde, educação, transporte e moradia.

Em nome da manutenção de um sistema caótico de transporte e de não atender às pautas dos metroviários, o Governo Alckmin e o Metrô demitiram 42 grevistas.

É inaceitável que trabalhadores sejam demitidos por lutarem por seus direitos. Essa greve deu um novo passo nas lutas no país que iniciou com a histórica greve dos garis no Rio de Janeiro, em meio à enorme contradição que vivemos com grandes estádios e infraestrutura para a Copa da FIFA, ao corte de gastos vividos por estudantes, professores e técnicos administrativos nas várias universidades e à repressão vivida pelos movimentos.

Mas é possível vencer! A Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro) anunciou que o Metrô de São Paulo foi autuado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no dia 13/06 por atitude antissindical, pela demissão de 42 grevistas, todos dirigentes ou delegados sindicais, após a greve.

Os metroviários expressaram a força que temos desde as jornadas de junho em 2013, que se refletiu no ano de 2014 a uma qualidade diferente na organização das pautas dos trabalhadores. Parte desse processo soma-se à vitória conquistada pelo MTST, com muitas ocupações, manifestações nas ruas e se tornou importante referência de radicalidade para muitos setores da juventude e da população como um todo.

Reivindicando a unidade dessas lutas que já tomam o Brasil, o Coletivo Construção se soma à campanha pela reintegração dos 42 metroviários demitidos, que já tem iniciativas nacionais e internacionais de solidariedade.
É preciso insistir na unidade e organizarmos um grande Encontro Nacional dos Movimentos Sociais em Luta, que possa organizar um programa de lutas que nos arme contra a criminalização de militantes e de movimentos. E cada vez mais o Brasil expressa o quanto vive em convulsão e temos a necessária tarefa de construirmos uma greve geral de 24 horas, que paralise a produção.

A classe trabalhadora do Brasil tem o Coletivo Construção como um aliado nas ruas e nas greves contra governos e patrões.

Somos todos metroviários!

Pela reintegração dos 42 demitidos do Metrô!

domingo, 8 de junho de 2014

A juventude que derrubou a tarifa vai liberar as catracas do metrô para a população!


A qualidade do transporte público não é prioridade para o governo de Alckmin, que se recusa a atender as reivindicações salariais dos funcionários do Metrô. 
Esses trabalhadores, para pressionar o governo a conceder o aumento sem prejudicar a população, propuseram um dia de catraca-livre, em que os usuários poderiam entrar de graça. Dispuseram-se ainda a não receber por esse dia de serviço. O governador não só foi contra esse método de mobilização, como também ameaçou de demissão os trabalhadores que liberassem a entrada gratuita de usuários. Os metroviários foram então obrigados a entrar em greve para pressionar o governo, o que não teria acontecido se Alckmin aceitasse a proposta de catraca-livre.
Compreendendo isso e reivindicando um transporte público de qualidade, a juventude que esteve nas ruas em junho e que conquistou a diminuição das tarifas hoje apóia a luta dos trabalhadores do Metrô. E avisamos ao governador Alckmin: se ele impede os trabalhadores de liberarem as catracas, nós vamos garantir um dia de catraca-livre para toda a população!
Chamamos toda a juventude para liberar as catracas do metrô nessa segunda-feira e fortalecer a luta dos trabalhadores por um transporte público de qualidade!
#SegundaSemCatracas #LutaMetroviário #NegociaGeraldo

terça-feira, 27 de maio de 2014

UPP: Paz sem voz não é paz, é medo!

A atual política de segurança pública, ratificada em 2008 com a implantação das primeiras UPP's é uma questão que caminha ao lado do discurso de criminalização da classe trabalhadora. Alinhada e legitimada pelo cada vez mais sufocante projeto de higienização social que ocorre nas cidades do Brasil, essa política se constrói como o instrumento repressor que alavanca e de fato coloca em prática a criminalização dos movimentos sociais e da classe trabalhadora. Por meio de atuações de extrema violência onde a lei se apresenta somente ao lado do acúmulo do capital, a Polícia Militar age ao encontro dos ideais de seus antecessores históricos, os Capitães do Mato. As periferias do Brasil sofreram diretamente o impacto dessa guinada à maior repressão dada pela política de segurança pública, os genocídios da população trabalhadora aumentaram em números expressivos enquanto do outro lado havia uma crescente pressão midiática com uma avaliação positiva dessas práticas, minimizando os inúmeros crimes cometidos ao longo do processo cada vez mais intenso de aumento na violência policial.
A militarização da polícia brasileira e as práticas adotadas pela mesma são resquício dos tempos de ditadura civil-militar vivida no país. Enquanto nas jornadas de junho foi ratificado o caráter opressor dessa mesma polícia, a consciência de que nas periferias as balas não são de borracha também foi ganhando espaço. Tal consciência em conjunto com a opressão desenfreada serviu como agente catalizador de toda a revolta vista nas ruas e da radicalização das mesmas.
A polícia militar é, por essência, a instância de controle e coibição da emancipação de consciência da classe trabalhadora e a esquerda de fato deve ser unir em prol dessa bandeira, e de outras, em frentes amplas que trabalhem na conscientização dos trabalhadores e na exposição do caráter dessa política que afeta diretamente o cotidiano da população de todas as cidades. As melhoras apresentadas em percentuais dos órgãos estatais se chocam com as informações de aumento substancial nos homicídios e denúncias de abusos de autoridade.
Ainda há o aditivo, por parte da política governamental, de uma justificativa relativa à guerra às drogas. Guerra na qual o único que realmente sofre é o trabalhador brasileiro e onde o debate que deve ser feito de fato - que é o antiproibicionista, trabalhando na conscientização da população em relação ao preconceito e à desconstrução do imaginário popular guiado pelas mídias burguesas - fica esquecido e não ganha força para se opor a tal atrocidade.
E todas essas práticas são parte do projeto de cidade imposto à nós, brasileiros, sem chance de negação. O projeto, arquitetado e alavancado pelos megaeventos que irão ocorrer no Brasil, cria verdadeiras práticas de higienização social onde se contam remoções, homicídios e também questões mais gerais como a elitização dos espaços e a perda gradativa do acesso à cidade, e que legitima toda a prática de segurança pública vista nas entrelinhas das estatísticas oficiais.
A Polícia Militar nada mais é que um instrumento de higienização social no processo de elitização que é acompanhado atualmente. A mídia burguesa desempenha também um papel importante na criminalização da juventude negra, com o objetivo de o tempo todo descriminalizar os homicídios policiais e atrelar às vítimas ao tráfico (usando o discurso da guerra às drogas) ou à ilegalidade. Tais medidas desesperadas são velhos instrumentos do mesmo Estado que comanda a Polícia Militar, na tentativa de velar o verdadeiro genocídio da classe trabalhadora que acontece nas periferias de todo o Brasil. Um Estado onde a ilegalidade se calca no ser pobre, no ser negro, no estar à margem. O Coletivo Nacional Construção apoia veementemente a bandeira de desmilitarização da polícia e à luta contra a criminalização dos movimentos sociais e da classe trabalhadora.



CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: Liberdade aos Presos Políticos

    Nós, do MOVIMENTO CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA POPULAR em Goiás, reunidos em um fórum que agrupa pessoas de distintas tradições e posições ideológicas, manifestamo-nos intransigentemente contra o processo de transformação das reivindicações populares em delitos, tal como ocorre neste estado, chegando-se à absurda prisão de três jovens na ultima quinta-feira, dia 23 de maio, no contexto da chamada Operação 2,80, que se soma a inúmeros episódios da mesma natureza ocorrentes nos últimos meses.

    O direito nos é negado quando se descumpre o principio legal de que as tarifas de transporte público devem ser acessíveis (ou, na forma da lei, módicas). A lei nos e sonegada quando se ignora a disposição jurídica referente a gestão participativa da cidade. Negam-nos o direito fundamental à moradia, impedem-nos a liberdade de expressão e negligenciam a observância de toda norma jurídica que possa amenizar a penúria da vida de trabalhadoras e trabalhadores nesta cidade. Executivo, legislativo e judiciário não querem cumprir a norma quando se trata de nos assegurar direitos, ou de apurar condutas como sonegação fiscal, extermínio de moradores de rua, abusos de autoridade contra a população e financiamentos eleitorais fraudulentos.

    Quando pleiteamos nossos direitos, todavia, a lei mostra-nos sua face. Prisões ilegais, investigações abusivas e toda forma de arbítrio, como conduções de inquéritos a partir de unilaterais e não fundamentadas alegações apresentadas por empresários do setor de transporte, têm lugar. O Estado não cobra as leis que os donos de empresas deveriam seguir, mas, a serviço deles, atua ilegalmente, inventando falsas acusações, criminalizando pessoas que lutam por uma sociedade mais justa (como na luta pelo direito ao transporte) e valendo-se de violência contra aquelas e aqueles que apenas apresentam ideias, argumentos, protestos e reivindicações.

    Não aceitaremos esse quadro! Estamos unidos em favor da imediata libertação dos presos políticos da operação 2,80. Nossa unidade vai ainda além: não nos calaremos enquanto toda a perseguição ilegal aos ativistas continuar. Não pararemos enquanto nossos direitos não forem todos atendidos e cumpridos pelo Estado que, neste momento, atua contra a lei e em favor de minoritários e indefensáveis interesses empresariais.

Conta para contribuição:
Agência: 2256
Conta: 2053-5
Operação: 003 (Caixa Econômica Federal)
SIMSED

Assinam:
Movimento Contra a Criminalização da Luta Popular
Frente de Luta pelo Transporte Público
Coletivo Chapéu
Associação Brasileira advogados do Povo – ABRAPO
Associação dos Geógrafos Brasileiros - AGB
Bruna Franco Balbino Rêgo
Bruno Santos – Ciências Sociais/ UFG
Centro Acadêmico de Psicologia – UFG
Coletivo Chapéu
Coletivo Construção
Coletivo Feminista Ana Montenegro
Da Luta Não me Retiro ANEL/GO
Ellen Ribeiro Veloso
Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico
Frente de Luta pelo Transporte Público
Frente Independente Popular – Goiás
Grêmio Estudantil do IFG
Jhúnia Aparecida da Cunha
João Alberto da Costa Pinto – FH/UFG
João Henrique R. Roriz – FCS/UFG
Juventude Comunista Avançando - JCA
Liberdade Socialismo e Revolução - LSR
Luiz Felipe Cezar Mundin - UFRGS
Maria Caroline Guimarães Leite Logatti
Movimento Estudantil Popular Revolucionário – MEPR
Natália Cristina P. Gonçalves
Núcleo de Direitos Humanos – Universidade Estadual de Goiás/ UEG
Partido Comunista Brasileiro – PCB
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU
Polo Comunista Luís Carlos Prestes - PCLCP
PROLUTA – UFG
Rafael Saddi – FH/UFG
Rede Estudantil Classista e Combativa – RECC
Renan Cardoso – UJS
Roberto Lima /FCS – UFG
Robson de Sousa Moraes – Professor / UEG
Rodrigo de Paula Sousa
Silvia Patrícia Nunes Pardinho
Tais Samy de Lima
Tarifa Zero Goiânia
Tarsilla Couto de Brito – Professora Faculdade de Letras / UFG
Uelinton Barbosa – Professor / UEG
União da Juventude Comunista – UJC
Unidade Vermelha – UV
Vinícius Gomes da Paixão
Wellyngton Silva
Yasmim Pereira da Cunha

Aproveitamos a ocasião para convocar a todos e a todas para dois atos contra a criminalização da luta popular:
Primeiro Ato Público Contra a Criminalização da Luta Popular, dia 27/05, 14 horas, Praça Universitária
Segundo Ato Público Contra a Criminalização da Luta Popular, dia 29/05, 09 horas, Catedral Metropolitana, Avenida Universitária
Esperamos outras assinaturas de pessoas e movimentos comprometidos com a defesa da luta popular.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Manifesto da Campanha contra a violência à mulher! - Chega de Estupro na UFMT!



No Brasil, a cada 15s uma mulher é violentada, segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2011).  Segundo o Ministério da Saúde, em 2012, a cada hora duas mulheres foram atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) com sinais de violência sexual.  Em MT, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP-MT, 2014), nos últimos dez anos, os casos de estupro aumentaram 523%.  Esses dados existem por conta de registros que foram feitos nas delegacias e nos hospitais, mas sabemos que existem muitos casos que não foram e nunca serão registrados.
O espaço universitário, marcado pelo discurso acadêmico não está isento e nem alheio à reprodução das relações de exploração e dominação que constituem as bases de nossa atual sociedade. Uma série de práticas que, reproduzem de modo muito concreto as relações de opressão (machismo, racismo, lesbo/homo/transfobia), evidenciam também a coisificação do corpo da mulher.
Os trotes, as calouradas, a semana dx calourx, que dizem respeito a um conjunto de atividades que demarcam um ‘rito’ de passagem dxs sujeitxs à vida universitária, e que também se propõe a ser uma ‘socialização’ desta pessoa ao ambiente em que está para adentrar, são ótimos exemplos de práticas de reprodução de opressões.
Na maioria delas, os meios de propaganda utilizados divulgam as festas e calouradas com imagens de mulheres seminuas, acompanhado de slogans extremamente apelativos sexualmente, que inferiorizam e coisificam a mulher e seu corpo. Então, a que tipo de socialização se pretende com práticas como estas?  Sobre qual projeto de sociedade estamos falando quando práticas como estas se institucionalizam na cultura universitária e se tornam ‘tradição’?  Falamos então de uma produção cultural que dá base para a continuação e perpetuação das mais variadas formas de violência contra as mulheres.
Outra prática que pode estar relacionada aos trotes, mas, que infelizmente não existe apenas nesse ‘rito’, que acompanham as mulheres em toda sua vivência universitária, é o assédio sexual.  O ato de deixar a mulher constrangida para obter favorecimento sexual, comum em local de trabalho, escolas, sindicatos, na Universidade, no Movimento Estudantil ou qualquer outro lugar, que acabe por reproduzir essas relações hierárquicas.
A produção da violência contra a mulher é lenta e sistemática, reproduzida diariamente na televisão, na escola, nos livros de história, em piadas, nas formas como a mulher é representada no mundo e como naturalizamos as supostas diferenças de gênero. Por isso, para identificarmos as inúmeras violências cotidianas praticadas contra as mulheres - no âmbito doméstico, político e institucional – é preciso aguçar o olhar e desnaturalizar o que está posto!
A Universidade, enquanto um espaço de reflexão, de difusão e de produção de conhecimento, possui uma responsabilidade muito grande, a de ser socialmente referenciada.  É seu papel construir políticas de erradicação de todo tipo de opressão, inclusive de gênero.  Sobretudo, é um espaço de disputa de poder, de projeto de sociedade. Por isto, NÃO NOS CALEMOS!
A Campanha Contra Violência à Mulher: Chega de Estupro na UFMT! Convoca a  todxs  que  acreditam  em  possibilidades  de  transformação  desta  realidade  e  que  não coadunam com o silenciar das mulheres!

A sua brincadeira serve de base para o machismo. O machismo mata.
Não permita jamais que silenciem você!

Cuiabá, 20 de maio de 2014.

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