Ampliar a luta pela educação, por mais direitos e fortalecer o movimento estudantil democrático e combativo
Na sexta-feira, 19/12, os coletivos da Oposição de Esquerda da UNE reuniram-se em São Paulo (SP), realizando um balanço das lutas de 2014 e preparando uma intervenção unitária em 2015.
Desde junho de 2013, as lutas da juventude e do povo ganharam força no Brasil. Há cada vez mais uma resposta organizada das ruas, com protagonismo juvenil e em aliança com os trabalhadores, às injustiças do país.
Nos últimos 12 anos, observamos a consolidação de um projeto de governo em nível federal, que, agora, escancara seus limites e esgotamento. A chegada da crise econômica no Brasil demonstra os limites do modelo de crescimento dos governos petistas, baseado no consumo e no crédito. Para os próximos anos, já se anunciam pacotes de ajuste orçamentário no Brasil, que devem atingir em cheio o financiamento das áreas sociais em nome de manter os altos lucros do capital financeiro e dos capitalistas. Ao mesmo tempo, amplia-se uma crise política, em que nem governo, e nem a oposição de direita, consegue apresentar alternativas ao povo, assim como se expressa no atual escândalo na Petrobras e na relação corrupta de todos os partidos que compõe o governo Dilma e a hipócrita oposição tucana, com as grandes empreiteiras beneficiadas pelo esquema.
Os reflexos desta conjuntura na educação são claros. Após a consolidação dos principais projetos do governo para a educação universitária (REUNI, PROUNI e FIES), a situação do ensino superior no Brasil é precária. Sem um aumento do financiamento compatível com a expansão das vagas, a maioria das instituições tem sérios problemas estruturais que afetam as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A falta de financiamento para permanência estudantil é escandalosa e leva, cada vez mais, a que centenas de milhares de estudantes sejam obrigados a evadir, após conquistar a duras penas uma vaga na universidade. Se o governo não prioriza investir na educação pública, o ensino privado segue avançando intensamente no país, fazendo com que a educação seja tratada como mercadoria e que os bolsos dos principais conglomerados capitalistas da educação se encham de dinheiro. A indisposição do governo em aprovar o investimento de 10% do PIB na educação pública, imediatamente, é demonstração disso, assim como a insuficiência dos investimentos no PNAES, ainda muito distantes dos necessários 2,5 bilhões anuais. O governo brasileiro é, cada vez mais, inimigo da educação pública, como demonstra a possível nomeação de Cid Gomes (PROS) para o Ministério da Educação no segundo governo Dilma — logo Cid Gomes que teve atuações intransigentes e autoritárias junto a greve das universidades estaduais cearenses.
Os ajustes que se anunciam em 2015 afetarão em cheio a educação. A situação das universidades federais, estaduais e do conjunto das instituições de ensino no Brasil, enfrentará graves ataques, buscando fazer com que os e as estudantes e trabalhadores paguem por uma crise econômica da qual não somos culpados. Desde já, deixamos claro que não aceitaremos nenhum corte de investimento na educação pública. Estaremos na linha de frente da luta contra o ajuste, pela qualidade do ensino e pelo investimento na educação pública e gratuita.
Queremos também envolver todas as universidades do Brasil numa luta por mais direitos. Acreditamos que os e as estudantes devem ser aliados das lutas do povo e dos trabalhadores, que têm crescido desde 2013. Direitos como a saúde, o transporte, a moradia, os direitos democráticos, de combate às opressões racista, machista e LGBTfóbica. Para a Oposição de Esquerda, a luta do movimento estudantil é também por todas essas pautas e por mais direitos para os estudantes e para o povo.
Para concretizar tudo isso, nos apresentamos como uma plataforma dentro do movimento estudantil radicalmente democrática, aberta e que se opõe diametralmente às práticas ultrapassadas e burocratizadas da atual direção majoritária da UNE, ligada ao PC do B e ao PT e que nos últimos anos tem atuado como um braço de defesa do governo federal no movimento estudantil. O distanciamento da direção majoritária da UNE das principais lutas em curso e mesmo a falta de vida interna à entidade, como ficou claro no absurdo cancelamento do CONEB de 2015, são sintomas disso. Após junho de 2013, não há mais espaço para as práticas burocratizadas. Defendemos a democratização radical da unidade e queremos construir uma nova direção para a UNE, com independência e autonomia em relação a quaisquer governos e reitorias, preparando as lutas de 2015. Para esta tarefa, fazemos um chamado nacional à unidade não apenas dos coletivos da Oposição de Esquerda, mas também entre nós e os vários companheiros que estão na luta pelo país, dentro e fora da UNE.
Assinam:
Katerine Oliveira – 1ª Vice Presidente da UNE
Camila Souza Menezes – Diretora Executiva de Direitos Humanos
Deborah Cavalvante – Diretora Executiva de Movimentos Sociais
Kauê Scarim – Diretor de Políticas Educacionais
Larissa Rahmeier - 2ª Diretora de Políticas Educacionais da UNE
Pedro Serrano – 1º Diretor de Universidades Públicas
Lucas Marcelino – 1º Diretor de Relações Internacionais
Gladson Reis – Diretor de Pagas da UNE
Natalia Bittencourt – 1ª Diretora LGBT da UNE
Anderson Castro – Diretor de Movimentos Sociais
Tadeu Lemos – 2º Diretor de Assistência Estudantil da UNE
Marcus Vinicius – 1º Diretor de Assistência Estudantil da UNE
Edísio Leite – 1º Diretor de Públicas da UNE
Laís Rondis – 1ª Diretora de Movimento Sociais
Diana Nascimento – Diretora de Mulheres UEE/SP
Felipe Alencar – Coletivo Construção
Mariana Nolte – Vamos à Luta
Movimento JUNTOS!
RUA – Juventude Anticapitalista
UJR – Rebele-se na UNE
Vamos à Luta
Coletivo Domínio Público
Coletivo Construção
JSOL – Juventude Socialismo e Liberdade
Reunião com todos os coletivos da Oposição de Esquerda da UNE, dia 19/12/2014, em São Paulo |
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