domingo, 5 de agosto de 2012

Plano Nacional de Educação 2012: que plano é esse?

       No dia 26 de junho foi aprovada a versão final do Projeto de Lei do novo PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, que será votado pela Câmara  dos Deputados e o Senado Federal. Assim como a inclusão da META 20 que prevê a destinação de 10% do PIB para a Educação até 2023, sendo 7% em 2018. Este PNE vem sendo debatido desde 2010 e ditará as diretrizes para a Educação do nosso país nos próximos 10 anos, e por conta disso este debate se mostra de imensa importância.

Um dos pontos mais polêmicos do documento é a questão do financiamento. A proposta inicial do governo era de destinar apenas 7% do PIB. Porém, diante do cenário de GREVE GERAL e lutas da Educação, a pressão em defesa dos 10% para Educação Púbica Já,  luta antiga dos Movimentos Sociais, fez com que no documento final saísse os 10% do PIB, mas sem o PÚBLICA e sem o JÁ.
É importante lembrar que o antigo PNE já previa a destinação dos 7% do PIB para Educação para agora, o que nunca foi cumprido. O próprio Ministro da Educação, Aluizio Mercadante declarou “difícil atender a meta dos 10% do PIB”. O ministro de Fazenda, Guido Mantega, afirmou ao participar de um encontro organizado pelo LIDE (grupo de líderes empresariais) em São Paulo que projetos como o PNE que pretendem elevar os gastos do Governo Federal com a Educação para o equivalente a 10% do PIB, pode "quebrar" o Estado brasileiro. Ou seja, absolutamente nada garante que essa meta irá sair do papel, pelo contrário, ao que parece ela foi feita pra ficar apenas no discurso.
 A verdadeira motivação por trás dessa aprovação dos 10% do PIB para educação para 2023 é a  desmobilização dos estudantes, para que aceitem conquistas parciais e saiam da GREVE, além de dividir o movimento, pois setores do Movimento Estudantil como a direção majoritária da UNE (UJS - PCdoB, PT)  acreditam que esta seja uma vitória completa para os estudantes, e por estarem na base do governo já defendiam esse projeto.
Esse setor governista do Movimento se apropriou dessa pauta de forma oportunista, iludindo a todos os estudantes, defendem um projeto de educação a qual o não há espaço para o “PÚBLICA” e nem o “JÁ”. Também não se posicionam contra os cortes de verba e todos os ataques do governo a GREVE e a educação.
No ano passado, o Movimento Estudantil combativo junto o ANDES e outros Movimentos Sociais construíram um PLEBISCITO NACIONAL EM DEFESA DOS 10% DO PIB PARA EDUCAÇÃO PÚBLICA JÁ, a qual a UNE se negou a participar, demostrando claramente de que lado estava e está: ao lado do governo e dos grandes empresários da educação.
Além do financiamento, o novo PNE estabelece metas que vão na direção de um aprofundamento da precarização e privatização da educação pública, vinculando suas metas as demandas do mercado, como a transferência de verba pública para instituições privadas os programas PRONATEC e FIES e o aprofundando do modelo REUNI (um dos programas causadores da precarização do ensino superior público, e também consequência da atual greve).
A fala do ministro sobre a possível “quebra” do governo se aumentar  o investimento da educação para 10% do PIB, não é coincidência alguma, enquanto senta com os empresários brasileiros, a qual já ganharam milhões do governo para garantir o superávit primário, pois enquanto retira direitos dos trabalhadores o governo investe na burguesia, sua aliada, e a educação que não é para eles uma prioridade fica em segundo plano.
Isso mostra que o que está em disputa nesse momento não é somente o financiamento para educação, mas sim o PROJETO DE EDUCAÇÃO, que para o governo NÃO é uma educação pública gratuita e de qualidade, mas sim uma educação privatizada e precarizada, para garantir o lucro das empresas do mercado particular de educação. Isso porque a falta do dinheiro não é problema, já que o governo gasta cerca de 50% do orçamento público pagando os JUROS DA DÍVIDA PÚBLICA, e menos de 4% com educação. Importante dizer que essa dívida é ilegítima, injusta e contêm diversos indícios de ilegalidade.
Esse projeto de EDUCAÇÃO PRECARIZADA E PRIVATIZADA, protagonizada pelo governo pode ser visto pela implementação do REUNI nos últimos cinco anos. Este programa de expansão das universidades púbicas, baseado em metas, tem sucateado a formação profissional superior. A universidade se expandiu em número de vagas em 100%, porém recebeu para isso cerca de 20% de verba, insuficiente  para garantir uma expansão física, de professores, técnicos e assistência estudantil na mesma proporção.
Além disso, o governo Dilma cortou, nos últimos dois anos, cerca de 5 bilhões do orçamento da educação, que já era pouco. Com isso, a resposta dada ao governo hoje pelos alunos, professores e servidores não poderia ser outra: GREVE GERAL DA EDUCAÇÃO!!
Por isso, somos contra esse PNE, defendemos um PNE construído pelos Movimentos Sociais, defendemos os 10% do PIB para EDUCAÇÃO PÚBLICA E JÁ; contra as metas do REUNI e PROUNI e toda a PRIVATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO, contra os cortes de verba do governo nas áreas sociais e que o COMANDO NACIONAL DE GREVE seja recebido pelo Ministério da Educação para uma reunião de negociação das pautas dos alunos, assim como os Professores e Servidores.

sábado, 4 de agosto de 2012

Moção de apoio e solidariedade à ocupação Pedro Nascimento


Há quase três meses, moradores do acampamento Pedro Nascimento, região noroeste de Goiânia, vem resistindo e lutando por uma solução da prefeitura para o problema da moradia de mais de 500 famílias atualmente residentes no acampamento. As condições são de total falta de infra-estrutura, e famílias ocupantes da propriedade dividem a luta com moradores anteriores lesados pela compra de lotes no terreno, que até hoje não possui regularização fundiária.
Apesar das condições de irregularidade e do envolvimento dos proprietários do loteamento com a especulação imobiliária no estado, a justiça ordenou no último dia 20, a pedido dos proprietários do terreno, uma reintegração de posse. Assim, essas centenas de famílias atualmente residentes no acampamento estão sob o risco de a qualquer momento serem expulsas.
Nós, do Coletivo Construção – Coletivo de juventude estudantil e trabalhadora, viemos manifestar nosso total apoio à luta desses moradores, entendendo que a luta pela moradia é um dos eixos da luta dos trabalhadores e das trabalhadoras por uma sociedade justa. O direito à moradia, básico e necessário à sobrevivência humana, não é garantido nesta sociedade capitalista, e os efeitos perversos disso percebemos na disposição do Estado diante de casos como o do acampamento Pedro Nascimento, que se omite ao problema das famílias e só beneficia aos proprietários e exploradores.   
Dessa forma, nos solidarizamos com a luta desses moradores e pedimos àqueles e àquelas que apóiam a luta, que manifestem sua solidariedade. O acampamento carece de condições básicas de sobrevivência, e doações de roupas, alimentos e brinquedos estão sendo bem vindas.

* Pelo direito a moradia digna a todas e todos;
* Não a criminalização dos lutadores e lutadoras populares pela garantia de direitos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

10% do PIB para a educação pública já! O que essa conquista mudaria?


Por Mauricio de Oliveira Filho e Nayara Moreira Gatti
Estudantes de Serviço Social da Unifesp Baixada Santista

Uma das bandeiras históricas do Movimento Estudantil é a defesa de investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública de forma imediata. O entendimento do Movimento é que a defesa da educação pública, não passa de demagogia se não se propõe aumento substancial do investimento público em educação pública. Diversas ações já foram feitas por entidades, coletivos e militantes do Movimento Estudantil no sentido de publicizar e pressionar o(s) governos(s) a aprovar o investimento de “10% do PIB na educação pública já”, como o Plebiscito Popular de 2011, construído por DCE’s e Centros Acadêmicos de diversas universidades, CSP-Conlutas, MTST e MST e ANDES-SN, o qual resultou a aprovação de 99% dos 420 mil cidadãos que participaram.
Neste ano, a Câmara dos Deputados aprovou a meta de 10% do PIB para a educação no novo PNE (Plano Nacional de Ensino), válido de 2013 a 2023 – o texto deve ainda ser aprovado pelo Senado e sancionado pela Presidência. Governo e direção majoritária na UNE (União Nacional dos Estudantes) comemoram a “conquista histórica”. Mas é necessário que se desmonte a falácia: o que foi aprovado não contempla em nada a nossa reivindicação, pois além de ser apenas uma meta – não há nenhuma punição prevista em caso de descumprimento – e só estar prevista para ser atingida no fim do período (2023), não há a garantia de que esse investimento será feito na educação pública, continuando a farra de repasses de dinheiro público para empresários da educação privada manterem seus negócios via ProUni e Fies. Este mês, inclusive, tiveram suas dívidas perdoadas em troca de bolsas de estudo. É o governo federal fazendo escambo com o mercado de diplomas.
Vale dizer,ainda, que no antigo PNE, válido de 2000 a 2010, a meta de investimento era de 7% do PIB no fim do período, porém, este valor nunca fora cumprido e o percentual investido hoje, varia entre cerca de 4% e 5%. Tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – 1995/2002 pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) –, quanto Luiz Inácio Lula da Silva – 2003/2010 pelo Partido dos Trabalhadores – chegaram a vetar o percentual de investimento, o que mostra uma semelhança entre ambos programas: defesa da educação de forma vazia e demagógica.
Os fatos se tornam ainda mais revoltantes quando olhamos para os dados de execução orçamentária de 2011 e constatamos como foi repartido o orçamento da União, destinando praticamente a metade do orçamento para o pagamento de juros e amortização da dívida pública, ou seja, metade do orçamento da União foi direto para a mão de credores (destes, 98% são bancos, fundos de pensão e/ou fundos de investimento), na medida em que para a educação são destinados míseros 2,99%.
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Só até maio deste ano, já foi gasto mais com a amortização da dívida pública do que a previsão de investimentos para todo o ano em educação. 


Desculpa esfarrapada

Atualmente tem-se tornado comum por parte dos responsáveis pela administração da educação pública o discurso de que recurso financeiro não é um problema que enfrentam; o que não condiz com a precarização dos ensinos básico, fundamental, médio e superior. Sem obter sucesso em absolver a culpa dos governos, os gestores das instituições indicam a burocracia como a principal dificuldade para desenvolverem suas obrigações.
 Entretanto, temos que ressaltar alguns pontos que não estão considerados neste discurso:
ñ  O destino e, neste caso, sobretudo, a origem dos investimentos não devem ter outra via que não a pública, para que então o Brasil possa ter um ensino socialmente referenciado, isto é, um ensino que garanta o retorno da produção de conhecimento para a sociedade;
ñ  O parecer de satisfação diante do montante a ser investido se baseia em condições reais estritamente limitadas, como a política de permanência estudantil do ensino superior que não contempla a totalidade dos estudantes que necessitam deste direito para concluir os estudos e a não condizente remuneração dos profissionais de educação em instituições públicas e privadas.
 A permanência estudantil é também um problema no ensino fundamental: de cada 100 crianças matriculadas na 1ª série do ensino fundamental, apenas 51 o completam; 33 completam o ensino médio e apenas 11 completam o ensino superior. E mesmo aqueles que completam, sofrem com a falta de qualidade das escolas públicas. O analfabetismo atinge cerca de 10% da população brasileira acima de 15 anos de idade, ou seja, mais de 14 milhões de analfabetos em nosso país.


A Unifesp como exemplo

Cumprindo a cartilha aparentemente seguida pelos demais gestores das universidades federais, o reitor da Unifesp Walter M. Albertoni, em entrevista ao Jornal da cultura, no dia 22/06/2012, disse: “Não tenho problemas com verba”. Indagado se o problema era então de gestão, responde: “Não. O Problema é você conseguir aprovar uma licitação”, indicando que o problema seria a burocracia do Estado. Dessa forma, confirmados os fatos, toda a luta histórica do movimento estudantil por mais investimentos na Educação pública, como a defesa dos “10% do PIB para a Educação Pública Já!”, estaria deslegitimada e mais, estaria mirando no problema errado.
Contudo, não são afirmações vazias que vão derrubar uma bandeira histórica do Movimento Estudantil, construída de forma sólida e não de modo raso, como essa agitação burocrática. Assim, vamos entender com o exemplo da própria Unifesp o porquê desta reivindicação e porque estudantes de diferentes gerações lutam por ela.
Num dos documentos mais importantes da expansão da Unifesp, o PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional), que pretende ser norte da Unifesp no período de 2010 a 2015, existe uma única página (meia, na verdade) sobre recursos financeiros. Esta meia página acaba com a seguinte frase: “A captação de recursos em fontes não-governamentais nos próximos anos será fundamental para a manutenção da Universidade e a continuidade de seu padrão de excelência.”. Ora, já aqui encontramos uma imensa contradição no discurso oficial da Unifesp. De um lado o seu reitor diz que não falta verba para a universidade, de outro um documento oficial da instituição diz que se não buscar verbas de fontes privadas, a universidade não poderá manter seu “padrão de excelência” (aliás, também cabe perguntar a que padrão de excelência o texto de refere).
Em outros dois documentos, os relatórios de gestão 2004 e 2011 (a prestação de contas da Unifesp), encontramos dados que apenas reforçam o declínio do investimento na educação no período e o processo de precarização da Unifesp. Em 2004, a Unifesp contava com 1293 estudantes de graduação. Já em 2011, com 7166. Isso corresponde a um crescimento de 454,2%. Os campi passaram de 1 para 6, ou 500% de aumento. Os cursos de graduação aumentaram em 1020%, de 5 para 56. Contudo, os gastos correntes passaram de R$ 462.713.203,30 para R$740.793.360,00, o que significa  um aumento de 60%, mas se descontarmos a inflação acumulada no período (47,70%), descobrimos que o aumento real foi de apenas 12,30%.
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Esses dados nos ajudam a entender o que houve com algumas das metas da Unifesp para 2012, como por exemplo o crescimento do número de docentes e Servidores Técnico-administrativos em Educação (TAE'S) não acompanhar o crescimento do número de estudantes. O dado mais absurdo é o de número de técnicos, que aumentou somente 8% no período de 2004 a 2011.

Dessa forma, a bandeira histórica dos 10% do PIB para educação pública já! se mostra necessária e concreta. Para além de uma palavra de ordem, a conquista dessa reivindicação significaria conquistas concretas para a educação: uma educação realmente pública, com investimentos adequados em infraestrutura, permanência estudantil e carreiras docente e de servidores. Só quem teria a perder com essa conquista seriam banqueiros e donos de escolas e universidades privadas, que hoje recebem bilhões do governo para aumentarem seus lucros na lógica privatista do Estado.



Referências

Unifesp – passado, presente e futuro – FAP (Fundação de Apoio à Unifesp)
Plano de Desenvolvimento Institucional – 2011-2015 - Unifesp

quinta-feira, 12 de julho de 2012

MOVIMENTO EM ITAPIRA CONTRA O AUMENTO DOS VEREADORES!



Em Itapira no mês de abril, os vereadores fixaram o aumento de 30% em seu próprio salário, causando indignação na população local. Diferentes setores da população se reuniram contra tal aumento, vindo a ocorrer manifestações volumosas na câmara municipal. A partir disso, esse movimento foi criando força e decidiu fazer um projeto popular de lei, este projeto visava revogar o aumento salarial do legislativo. Para que o projeto fosse de iniciativa popular foi necessária à coleta de 2712 (5% do eleitorado) assinaturas com titulo de eleitor, como prevê a lei orgânica do município. Também foram coletadas 100 assinaturas com titulo e eleitor para o uso da tribuna livre onde foi lido o texto abaixo no dia 19 de junho.

 As manifestações seguem ainda, com atos na câmara municipal e panfletagens pelas ruas denunciando a atitudes dos vereadores. Paralelamente foram realizadas atividades de politização do movimento, como a “função do vereador”. E seguiremos nossas manifestações até que tal decisão seja revertida.


TEXTO DO MOVIMENTO LIDO NA TRIBUNA LIVRE

Estamos mais uma vez nesta tribuna livre para debater a questão do aumento salarial dos vereadores desta casa. É uma pena, pois poderíamos e deveríamos estar debatendo outros assuntos que prejudicam a cidadania da população desta cidade, de nosso Estado e País, tais como a lei de responsabilidade fiscal que impede gastos sociais e penaliza a classe trabalhadora em seus direitos básicos; o caráter antidemocrático e clientelista das emendas parlamentares fazendo da cidade refém de algum deputado que pretende manter seus currais eleitorais; as mazelas na saúde, no que se refere ao atendimento e cuidado da população, com filas de espera e impossibilidade de marcação de exames; a questão da violência e suas relações com as tensões sociais causadas pela desigualdade de classes e pelo abismo de renda entre uma mesma população pressionada por valores questionáveis de consumismo, sucesso e individualismo. Todavia, é exatamente aqui que a questão do aumento salarial dos vereadores se encaixa.
 
            A experiência de coleta de assinaturas demonstrou que a população entende que os vereadores estão distantes da população, que vocês só se preocupam com seus próprios interesses e não com aqueles problemas que acabamos de citar e que melhorariam a vida dos itapirenses. No fundo, vocês, ao aumentar seus próprios salários intensificam a tensão social, e em última analise, estão colaborando também para certa violência contra o povo trabalhador.

            Neste sentido, não podemos, até este momento, absolver qualquer um dos lados do espectro político que ocupam esta Casa. Os partidos que aqui estão representados são conjuntamente co-responsáveis por este projeto de lei que aumento seus próprios salários diante de uma população que ganha em media 6 vezes menos. Tanto aqueles que se filiam a Barros Munhoz, como os aliados ao Prefeito Toninho Bellini votaram pelo aumento. No primeiro caso, o próprio deputado apoiou o aumento de subsídios para compra de paletós na Assembléia Legislativa, afirmando que era perfeitamente normal que um deputado dispusesse de R$ 15.000,00 para tal despesa básica. Desta forma, estão comprometidos com a imoralidade do uso do dinheiro público para o interesse unicamente particular e banal, diga-se de passagem. Do outro lado, faltou a moralidade da coragem de rejeitar o aumento diante dos variados problemas que a cidade enfrenta. Na verdade, todos vocês estão do lado errado, pois nenhum destes lados é o lado do povo.

Neste sentido, devemos reiterar que condenamos totalmente qualquer uso político deste debate que estamos travando. Nossa intenção era exatamente dar voz e vez ao povo. Demonstrar que o povo sabe de política e não aceita qualquer tipo de condução da coisa pública e rejeita prontamente o uso que privilegie os interesses privados e particulares, seja dos agentes políticos, seja das políticas públicas que atendam os interesses dos grupos da classe dominante.

            Neste sentido, queremos ir mais longe na reflexão desenvolvida na primeira vez que estivemos aqui. Naquela oportunidade dizíamos sobre o questionamento moral deste aumento de salário. Entendíamos e compreendíamos as razões legais daquele aumento, mas fazíamos coro com a população, com alguns órgãos da imprensa e destacávamos a imoralidade do aumento. Devemos dizer que ainda não tínhamos atingido uma radicalidade maior no nosso questionamento, pois o argumento foi utilizado sem grande dificuldade por pessoas que possuem visões políticas bastante diferentes, até contraditórias.

            O grande problema do aumento salarial não é a legalidade, mas também não se trata simplesmente de um problema moral ou de princípios éticos. Trata-se, em realidade, de uma demonstração do distanciamento da classe política em relação ao povo do qual vocês se dizem representantes. Autorizar um aumento para mais de 6.500,00 enquanto os trabalhadores comuns desta cidade ganham em torno de 1.100,00 é implantar um abismo social entre grupos diferenciados que tem a mesma terra como lugar comum. No fundo, os vereadores passam a ser de uma camada superior e neste sentido estarão muito mais próximos do estilo de vida dos ricos e poderosos desta cidade, das classes dominantes do papel, da cana, dos laboratórios, e cada vez mais distante dos pobres e trabalhadores que labutam cotidianamente para conseguir um mínimo de sobrevivência decente. E aqui precisamos fazer uma pequena reflexão teórica.

            O Estado, o governo como costumamos falar, não é uma instituição neutra. Ficamos pensando que o Governo existe para atender aos interesses de todos indistintamente; que ele procura administrar os recursos escassos para realizar o melhor possível para que todos possam ter os direitos assegurados. Na verdade, isto é apenas uma aparência que precisa ser sempre criticada, denunciada, demonstrada, pois não fica claro que o Estado, o Governo, age em beneficio do interesse de uns contra a grande maioria.

            Neste sentido, precisamos agradecer aos nossos nobres vereadores, pois eles nos ajudam a demonstrar e apresentar para a população com todas as letras e com toda clareza que o Estado, o governo de nossa cidade, de nosso Estado, do Brasil também, é um governo que atende interesses particulares e, por causa disto, não consegue disponibilizar aquilo que é direito da população com qualidade e efetividade. Ao injetar esta grande quantia de dinheiro dos cofres públicos, que é o dinheiro com que cada trabalhador colabora mediante seus impostos, para pagamento de aumento de salários dos vereadores, fica comprovado que não existe problema de falta de verba nos governos. O problema é para onde estes recursos são direcionados.

            Ao direcionar recursos da cidade para aumento de seus próprios salários sacraliza-se a noção de separação entre os entes políticos e a população trabalhadora em geral, que é quem está reclamando e denunciando o absurdo de tal ação política. É triste conversar com pessoas nas ruas que assinavam o projeto e que diziam ganhar 600,00 ou 800,00. Certamente estas pessoas também não podem pagar empregada/o, com o devido respeito a esta categoria de trabalhadores. Então os vereadores deveriam lutar para que todos pudessem ter empregados, que todos pudessem pagar o boleto de faculdade e outras coisas mais. Ou o povo não tem direito destas coisas e os nobres vereadores são seres humanos diferenciados aos quais é permitido certos privilégios enquanto à população em geral cabe suar, sofre e labutar para apenas sobreviver e é lógico pagar pelo aumento que estão proporcionando a si próprios?

            Todavia, ainda não dissemos o mais grave. Caros vereadores, entendemos que o trabalho do legislador nunca pode se desvincular do povo que o elegeu. Então, porque não consultar as bases da população sobre o aumento do salário, inquirindo à população sobre sua opinião a respeito de tal medida, abrindo um canal efetivo de comunicação com a população e sabendo realmente qual a direção que a população gostaria que seu mandatário assumisse. Trata-se de um terrível assalto à democracia, uma deselegante postura em relação à participação popular nos destinos da cidade. Vocês são legítimos representantes da população, mas não iluminados para fazerem tudo o que quiserem, da forma que entenderem a respeito dos destinos da cidade. Denunciamos, assim, o golpe contra a democracia que este projeto de aumento salarial significa. Não queremos acreditar que se trate de um caso pensado. Presenciamos, novamente durante a campanha pelas assinaturas, várias pessoas desacreditadas sobre o real valor da democracia, dizendo que todos os políticos são farinha do mesmo saco, que não adianta votar, que as coisas não mudam, pois todos são corruptos mesmo. Percebem o mal que este aumento pode significar para a própria ideia de democratização? Na verdade, ainda há tempo para dar uma resposta diferente, sem aproveitamento político, mas reconhecendo que a população tem toda a razão de discordar de vocês. Então, num gesto de representantes que ainda pensam a partir da população desta cidade aprovem este projeto de iniciativa popular. Não estamos fazendo um apelo moral, mas demonstrando devidamente que a decisão que reforça a democracia, que reitera a importância do papel dos vereadores, que demarca uma real proximidade do legislativo com a população é a revogação do aumento. Qualquer atitude diferente apenas vai nos dar o direito de divulgar que a Câmara legislativa de Itapira não é efetivamente do povo; que os partidos que aqui dispõe de cadeiras – e os políticos que os apóiam - não legislam em favor da população trabalhadora desta cidade, mas a partir de interesses particulares, se afastando do cidadão comum para aproximar-se cada vez mais dos ricos e poderosos, fazendo leis que não levam em conta em primeiro lugar o cidadão simples e trabalhador que realmente constrói esta cidade.  



quinta-feira, 5 de julho de 2012



População dá 0% de aumento aos vereadores de Campinas!

Dia doze de Dezembro do ano passado Campinas passava uma noite fatídica, em que mesmo após pressão de cerca de 250 pessoas na câmara os vereadores aprovam, com 28 votos favoráveis e dois contra, um aumento salarial de 126% para o próximo mandato, isso inclusive usando de uma manobra infame de tentar confundir a votação não falando o nome da mesma e passando rapidamente após a votação de outra pauta. Isso enraiveceu todos os presentes, inclusive alguns deles chegando a atirar ovos nos vereadores, mas que não acertou nenhum deles. Os protestos sofreram forte repressão da guarda municipal que utilizou de gás pimenta e pistola de choque.
 Apesar da repressão, o aumento absurdo dos parlamentares teve grande repercussão na cidade, preocupados com sua imagem em ano eleitoral os vereadores fizeram então, esse ano, uma proposta substitutiva a este aumento, que não fosse mais de 126%, mas sim de 48%, porém, a população não estava contente ainda, e não é para menos, pois, são os mesmos vereadores que fingiram não ver a corrupção do ex-prefeito Hélio, já que investigaram a Sanasa, empresa municipal central no esquema de corrupção de Rosely e do ex-prefeito e, segundo eles, não encontraram nada. As irregularidades da Sanasa foram descobertas, então, em investigação da GAECO e só depois disso que a câmara resolveu cassar o prefeito. 
 Além disso, recentemente na cidade os servidores construíram uma greve de 21 dias lutando por melhores salários, mas o executivo deu reajuste salarial de apenas 5,39% à categoria - que agora tem piso salarial de R$1603 com alguns benefícios. Isso é inaceitável! E, diante dessa realidade, falar em aumento de salário para os vereadores é tirar sarro da cara dos campineiros, sendo que seus salários já subirão para R$7449, esse ano, por conta do dissídio dos servidores municipais!! 
E foi com essa indignação que muitos campineiros foram até a câmara novamente se colocar contra a proposta e exigindo 0% de aumento salarial para os vereadores! Com muita pressão de uma câmara cheia de indignados conseguimos constranger os vereadores que fizeram, de última hora, uma proposta de 0% de aumento na qual votaram favoravelmente em unanimidade, com medo de que um aumento os levasse a ter um prejuízo eleitoral, o que de fato era bastante possível!
Foi uma importante vitória do movimento, mostrando que a organização e a luta podem garantir ganhos aos estudantes e trabalhadores! E nós, do Coletivo Construção, estávamos lá junto ao povo nesta luta! E estaremos sempre contra qualquer político que se veja no direito de ter privilégios a mais do que as duras condições de vida dos honestos trabalhadores de nossa sociedade!
Política é lugar de luta por justiça social e não de enriquecimento pessoal, seja ele fora ou dentro da lei! 




segunda-feira, 2 de julho de 2012

Dia do orgulho LGBTT e a revolta de Stonewall*


No dia 28 de junho comemoramos o Dia do Orgulho LGBTT, isso se deve pelo fato que nesse mesmo dia, em 1969, gays, lésbica, bissexuais e travestis se rebelaram contra policias, incendiaram carros, levantaram barricadas e foram às ruas protestar pelos seus direitos depois de décadas de opressão e humilhação na cidade de Nova York.
Na década de 60, nos Estados Unidos, assim como em vários outros países, a homossexualidade era tratada como distúrbio mental, e para “curar” esse “tipo de psicopatia” os homossexuais eram tratados com eletrochoques, outros foram submetidos à lobotomia ou tomavam um remédio que dava a sensação de afogamento, e foram até castrados! Também era comum ter seus nomes, idades e endereços publicados em jornais depois de serem presos por atos “obscenos e imorais”.
Não diferente de hoje, naquela época, o capitalismo já se apropriava da homofobia para lucrar. Como os LGBTT’s não se enquadravam nos padrões “normais” impostos pela sociedade era normal o surgimento de bares para a população LGBTT, jogando-os para um submundo onde não há integração com os demais lugares públicos, esse bares adulteravam o preço das bebidas fazendo com o que essa parcela da população gastasse mais para se divertir. Hoje, o capitalismo ainda se apropria da homofobia para lucrar em cima dos oprimidos, roupas de grife para se “encaixar”, e boates gays, para poder demonstrar seu afeto com o seu companheiro(a)sem sofrer nenhum preconceito, sendo que aos LGBTT’s pobres o que resta é tentar se relacionar na rua podendo ser vítima de homofobia e violência física, nos mostra como a sociedade ainda é preconceituosa e impedem os LGBTT’s de demonstrar seu afeto em público.
As travestis também passavam por tempos difíceis naquela época, no ano 1945, também nos Estados Unidos, tornou-se crime se travestir, ou seja, três peças de roupas tinham que ser do seu sexo biológico ou você estaria infringindo a lei e poderia ser preso, nos dia de hoje a transfobia não é bem explicita, mas ainda existe como as travestis que não se enquadram nos padrões ditados pela sociedade e são relegadas muitas vezes a prostituição.
O grande estopim da revolta de Stonewall foi quando os policiais entraram em um bar LGBTT que tinha esse nome – Stonewall Inn - e ao invés de remover as pessoas, como era de "costume", tentaram prendê-las violentamente. Os homossexuais se revoltaram por tanta opressão sofrida nas últimas décadas e começaram a reagir protestando durante quatro dias. No dia seguinte a comunidade LGBTT fez uma enorme passeata, inspiração para a parada gay. No entanto, a Parada Gay de hoje perdeu a maior parte de seu caráter político e se transformou numa festa e não em uma marcha para as reivindicações dos direitos da comunidade LGBTT’s.
Stonewall nos mostra que só teremos nossos direitos depois de muita luta, aonde tiver injustiça, preconceito e exploração, nas ruas, nas universidades, nas escolas! Precisamos de um movimento LGBTT combativo, que unifique todos aqueles que sofrem e se indignam com o opressão capitalista, que não fique restrito às ONG’s ou à Parada Gay. Devemos ocupar as ruas e dizer em alto e bom tom que só sairemos quando as nossas reivindicações forem atendidas, quando a população LGBT tiver de fato seus diretos garantidos!



*texto de Matheus Pacheco, militante do movimento LGBTT e Flávia Ribeiro, psicóloga e militante do Movimento Mulheres em Luta. ambos do coletivo construção  

domingo, 24 de junho de 2012

Um Desabafo*



Campinas, 21 de outubro de 2011.
           
         Venho a escrever este desabafo em um momento em que as palavras me consomem por dentro, depois de ver tanta violência, seja esta de qualquer natureza, me sinto mobilizado e emocionalmente instigado a dizer alguma coisa. De certa forma todas estas palavras estavam já há muito tempo presas em minha garganta, e através de um novo mundo do qual estou me deparando, acho as frases certas que podem descrever de maneira completa o meu sentimento.
          Sinceramente não consigo entender como as pessoas conseguem conviver consigo mesmas hoje em dia, sem ao menos olhar para o lado. Tenho estudado e me informado, debatido e crescido, e me deparei com um muro de concreto, duro e nada maleável, que é extremamente difícil de ultrapassar, impossível de ignorar. Pode ser que seja apenas eu, mas me importo em algum nível com as outras pessoas, com o rumo com o que a sociedade está tomando. Não digo todos, mas grande parte da nossa queridíssima sociedade não enxerga, ou pior, não quer enxergar o caminho de violência moral e física que sofremos dia-a-dia. As pessoas se importam em comprar roupas, acessórios, acumular dinheiro e assim chegar algum dia ao almejado status de ser “bem sucedido”, à burguesia. Enquanto isto, outros estão passando fome, roubando e matando por não terem a mesma oportunidade que alguns poucos pensam ser “natural”, pois ganharam, não são dignos de meritocracia alguma, sempre viveram essa realidade.
      O problema está no grupo que rege as vontades a serem manifestadas, as felicidades a serem compradas, a religião a ser seguida, o caminho a ser trilhado, a burguesia. Este resultado é fruto de um processo histórico que vem acontecendo há muito tempo, desde o surgimento, ou ainda mesmo antes, do capitalismo - “A história da humanidade é a história da luta de classes” - Marx. Acredito que as pessoas de hoje não são as responsáveis por tudo isso, mas são pelo fato desta realidade ainda não mudar, adquiro um posicionamento crítico com os que não fazem nada, e nem querem fazer, fadados e acomodados à alienação.
          O capitalismo trilhou a isso, valorizou a individualidade a tal ponto que se criou uma “desumanização”. Hipócritas são os que contribuem com isso se autodenominando “homens direitos”. Todas as cidades do Brasil, quiçá do mundo, sofrem com o produto da diferença de classes, estou cansado de ver violência contra pessoas, agressões físicas, roubos, estupros, e tudo mais que a sociedade “se acostumou” a ver. Pois eu não consigo aceitar que tais brutalidades sejam incorporadas na nossa sociedade e vistas como algo do cotidiano, tudo isto não é cotidiano, tudo isto são erros gritando na cara de cada um e mostrando a todos de maneira explicita que tem alguma coisa errada, aliás, não alguma coisa apenas, mas sim todo um mundo de erros. E ainda conheço pessoas que aceitam e apóiam isso, não enxergam que o tão grandioso capitalismo destrói a cada dia mais os seus próprios criadores.
          Estou cansado, é isso que vem a minha cabeça a todos os momentos, eu estou cansado de tudo isso, da correria, da pressa, da competição acima de tudo, do sofrimento geral, e enquanto o homem não funcionar pelo amor, pela igualdade, as coisas continuarão assim. As pessoas precisam conscientizar-se da situação que estão vivendo, sair do “automático”, dessa infeliz e brutal alienação; e realmente olhar, escutar, dar atenção ao caminho que está sendo trilhado, será verdadeiramente esta realidade que você quer? O que você faria se pudesse ser e fazer o que quisesse, independentemente de dinheiro, de preconceitos, de quaisquer outros impedimentos que venham a sua cabeça? Será que você realmente teria a vida que tem? Será que teria o emprego que tem? Será que seria amigo das pessoas que é?
        Questione-se, questione o mundo, as pessoas, e tudo ao seu redor, quem sabe você não acha uma realidade que realmente lhe faça sentido, uma que realmente lhe faça feliz, apesar de todos os apesares. As pessoas que você e a sociedade inteira criticam são as pessoas que fizeram isso, e hoje lutam por algo que acreditam, será que essas pessoas realmente são “inimigas” e dignas das acusações que lhes fazem?

Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.
Che Guevara

Obrigado.

*Guilherme S. Arinelli é estudante de Psicologia na PUC-Campinas, começou a participar do grupo de discussão sobre marxismo, o GMARX, em 2011 e entrou recentemente no Coletivo Construção.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vamos debater Acesso e Permanência!



Em meio ao grande movimento das universidades federais, que luta por uma expansão com qualidade e com financiamento apropriado, um assunto fundamental é sobre o acesso ao ensino superior. A expansão – feita pelo Governo Federal através do REUNI e pelo Governo Estadual na construção de novos campi – realmente atende às demandas dos trabalhadores e da população mais pobre?
Além disso, as pessoas que entram nas universidades têm garantias de permanência nos estudos, tanto no âmbito da qualidade dos cursos quanto no âmbito de seu sustento material?



O coletivo Construção convida toda a juventude:

Vamos debater Acesso e Permanência!

Domingo, dia 24/06, 15h
No Centro Cultural São Paulo (Metrô Vergueiro)

Coletivo.construcao.sp@gmail.com
Facebook.com/coletivoconstrucaosp




segunda-feira, 18 de junho de 2012

Manifesto contra a repressão.


MANIFESTO
Em defesa da educação!
Contra a repressão!

Cenas como as que aconteceram com os estudantes da Unifesp no dia 14 de junho vêm se tornando frequentes. A violência desproporcional da PM e da tropa de choque é utilizada todas as vezes que os movimentos sociais se levantam e tem algo a dizer para a sociedade.
No ato contra o aumento da tarifa (2011), nas duas marchas da maconha (2011), na USP (2011), na desocupação do Pinheirinho (2012), na ação da Crackolândia (2012), no ato contra a corrupção (2012) e agora, novamente, na Unifesp. A resposta dos governos federal e estadual às reivindicações dos estudantes se fez muito clara – afinal, quem não entende a mensagem por trás de balas de borracha, sprays de pimenta, e bombas de efeito moral? O objetivo dessas ações é calar nossas vozes e abaixar nossas bandeiras, que defendem outro modelo de educação diferente do que nos é imposto pelo Governo Federal.
Este modelo implantado pelo Governo, que é fruto de REUNIs dos mais diversos tipos. A expansão das universidades federais é um forte exemplo da precarização da educação pública no Brasil. Enquanto o número de vagas aumenta, a estrutura das universidades continua a mesma. Falta de salas de aula, altos preços de alimentação, pouca importância à permanência estudantil, enquanto quase metade do orçamento do Estado é direcionada para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Esses são apenas alguns dos pontos que desencadearam este ano uma greve nacional, na qual 90% das universidades federais estão em greve docente e a maior parte delas também em greve discente. Um importante exemplo é a Universidade Federal de São Paulo, onde os estudantes estão em greve há quase três meses, reivindicando melhores estruturas para o ensino.
Assim, os atos que agora construímos são respostas ao governo federal, aos prefeitos, aos governadores e aos reitores: Não deixaremos de denunciar o descaso com o ensino! Não deixaremos de lutar por um projeto de educação com qualidade e amplo acesso e permanência! Muito menos deixaremos de lutar – seja através de greves, ocupações de reitoria e manifestações!

Abaixo a violência policial, na universidade, nas periferias e no mundo!
Por uma educação pública de qualidade e acessível para todas e todos!
Pela unidade do movimento estudantil, movimentos populares e sindicais!         

Assinam esse manifesto:
Coletivo Construção - União da Juventude Comunista - Coletivo Rompendo Amarras - Centro Acadêmico Pereira Barreto - Centro Acadêmico Unificado Baixada Santista - Comando de Greve dos Estudantes da UNIFESP São Paulo - Comando de Greve dos Estudantes da UNIFESP Santos - Construção Coletiva (PUCSP) - Coletivo Feminista Yaba (PUCSP) - Coletivo O Estudante em Construção (UFF).
Junte-se a essa luta! Assine também este manifesto!
Contatos: daunifespbs@gmail.com (CA Unificado da Unifesp Santos).
gestaocapb@gmail.com (CA Pereira Barreto).


O vídeo mostra claramente os PM's se reunindo e decidindo iniciar toda a confusão, e realmente o fazem: Sem justificativa plausível agridem uma estudante que não representava qualquer perigo à universidade, aos policiais e nem a qualquer cidadão no local. Pegam a garota na "gravata" e a arrastam por vários metros, onde, ao que aparenta, a agridem novamente. Um absurdo! Inaceitável!

domingo, 3 de junho de 2012

Greve! Greve! Greve! Greve!


GREVE NAS FEDERAIS!


            Os docentes de 51 das 59 instituições Federais de ensino no Brasil já decidiram pela GREVE, e em algumas o indicativo aponta GREVE nos três segmentos: professores alunos e servidores!


A pauta da greve já foi definida, tendo dois pontos centrais: a REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA DOCENTE prevista no Acordo 04/2011, de VALORIZAÇÃO DO PISO E INCORPORAÇÃO DAS GRATIFICAÇÕES; e a VALORIZAÇÃO E MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO nos Institutos Federais de Ensino Superior – IFES.  É necessário cuidado para não confundirmos as pautas, pois o governo federal publicou a medida provisória 568 (reajuste salarial de 4%) com objetivo de confundir e desmobilizar os docentes.  Esta medida atende um acordo firmado em 2011 com o sindicato dos professores. Quanto à pauta da greve o governo não deu nenhuma resposta.

Em pelo menos 29 dessas instituições, os estudantes também entraram em GREVE em apoio aos docentes, acrescentando também suas reivindicações, que versam centralmente por CONDIÇÕES ADEQUADAS DE ESTUDO E POLÍTICAS DE PERMANÊNCIA ESTUDANTIL.

Esses dados mostram como são falsos os argumentos do governo de que é uma minoria que está se mobilizando, e de que os problemas nas instituições de ensino não são gerais, mas localizados em alguns poucos lugares.  Esta greve coloca em evidência o modelo de Universidade que está sendo construído, em contraposição àquele que queremos construir.  Todos que defendem a Universidade pública, gratuita, de qualidade e o TRIPÉ ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO estão sendo chamados para construir juntos esta luta, que é de todos nós em defesa da educação.

A luta em defesa dos 10% DO PIB PARA EDUCAÇÃO PÚBLICA JÁ, deve ser incorporada nesta GREVE, no sentido de se lutar pelo maior financiamento para a educação, contribuindo para melhoria das condições de trabalho dos professores (mais recursos humanos, físico e materiais).

A importância da participação estudantil nessa GREVE é muito mais que apoio a luta dos professores, pois também precisamos lutar por melhores condições de estudos (mais professores e espaço físico). Não podemos esquecer das nossas reivindicações por assistência estudantil: Restaurante Universitário, Moradia, mais Bolsas, e equivaleres ao Salario Mínimo, Creche...

Sofremos com falta de SALAS DE AULA e espaços físicos para outras atividades, aulas em locais impróprios, salas lotadas, déficit de PROFESSORES, professores efetivos contratados como temporários, aumento da relação professor-aluno, escassez de PESQUISA E EXTENSÃO, assim como das BOLSAS ACADÊMICAS, falta de RESTAURANTTE UNIVERSITÁRIO, altos preços de alimentação ou espaço insuficiente e filas onde há Restaurante Universitário, falta de MORADIA ESTUDANTIL, falta de CRECHES, déficit de BOLSAS SOCIAIS e fragmentação da mesma em pequenos auxílios que muitas vezes são insuficientes...  São inúmeros os problemas enfrentados pelos professores e alunos nas diversas universidades do país, que por isso estamos construindo essa GREVE NACIONAL.


Porque participar da greve?


Os momentos de GREVE sempre nos deixam preocupados com os atrasos na nossa formação e outros eventuais prejuízos que podemos ter.  Mas precisamos compreender que sem essa mobilização e seguindo passivamente as políticas colocadas pelo governo, nosso ensino fica imensamente mais prejudicado.

A GREVE não pode ser construída por algumas poucas pessoas, enquanto as outras acompanham de longe o que acontece.  A não participação faz com que fiquemos apenas com o lado negativo da GREVE. Portanto nós do COLETIVO CONSTRUÇÃO convidamos todos a uma reflexão sobre a importância de participar das mobilizações e sobre as grandes conquistas que podemos ter se estivermos juntos.

1) Condições adversas pedem medidas radicais: as médias de expansão mascaradas pelo governo Lula e Dilma que ampliam o número de vagas nas universidades com menos que metade do recurso necessário, sucatearam absurdamente o ensino superior, impedindo proporcional aumento do corpo docente, espaço físico e assistência estudantil. Tentamos sempre, de várias formas institucionais e de mobilizações, lutar contra essa forma de expansão e os cortes orçamentários do governo que jogaram nossa formação no lixo. Após um longo processo de negociação e mobilização, em que somente uma parte (a nossa) cedeu, chegamos a patamares inaceitáveis de precarização das universidades e das condições de estudo e trabalho nas mesmas. Diante dessa conjuntura, nos resta radicalizar, ou seja, nos resta uma GREVE GERAL para fazermos o governo recuar e dar mais atenção à educação pública.

2) Essa Luta também é nossa: é necessário compreendermos que a GREVE dos professores não se limita a uma reivindicação própria da categoria. A pauta da Greve nos atinge diretamente. A luta por melhores condições de trabalho está atrelada as nossas bandeiras por melhores condições de estudos, como o aumento do numero de professores, efetivos e de dedicação exclusiva, ou seja, para termos mais pesquisa e extensão, mais professores para orientações e supervisão de estágio, diminuindo também o numero de professores por alunos e as salas superlotadas. Outra pauta que nos atinge diretamente é quanto a falta de estrutura física (mais salas de aula, salas adequadas, biblioteca, espaços para pesquisa, extensão e outras atividades extraclasses). Como estudantes devemos nos incorporar a esta greve colocando nossas reivindicações, como a defesa da Assistência Estudantil: bolsas, bandejão, creche, moradia...  Portanto, defender a GREVE dos professores significa lutar pela qualidade dos nossos estudos, da nossa formação profissional, e pela valorização da educação no nosso país, pois a GREVE é Nacional.

3) Não estamos de férias, GREVE forte é GREVE de TODOS!: é preciso deixarmos de lado nosso individualismo de pensarmos somente na nossa vida acadêmica, e compreender que a universidade pública é de todos, inclusive dos que estão fora da GREVE.  Lutar por interesses coletivos garante que todos possam usufruir dos resultados deste processo de forma igual.  Precisamos compreender que SEM LUTA NÃO HÁ VITÓRIA! Esperar passivamente que o governo reconheça que a educação do país é mais importante que a Copa do Mundo ou as Olimpíadas é esperar por migalhas, como se produzir algo de útil com o dinheiro dos nossos impostos fosse um favor! Para termos uma GREVE forte, com muitas conquistas precisamos juntar os alunos, os professores e os técnicos, além de uma GREVE Nacional de todas as Universidades públicas. Portanto, participar ativamente desse processo é dever de quem quer conquistar seu direito de educação com qualidade.

Afinal, atrasar um pequeno espaço de tempo por causa de uma greve é melhor que paralisar a formação por falta de professores ou estrutura, ou do que ter uma formação sem qualidade.  Com isso reivindicamos uma greve ativa e não uma greve de pijama, ou seja, onde possamos ocupar e estar na universidade construindo junto aos professores diversas atividades como debates, oficinas, atos...  onde possamos fomentar uma integração maior entre os cursos, entre a universidade, a população local e os Movimentos Sociais.  A greve vem sendo tocada a partir de comandos locais, estaduais e agora nacionais, articulados entre os diversos segmentos da universidade a partir dos locais de trabalho/estudo, mapeando as demandas específicas.  Defendemos que este espaço seja democrático e aberto à participação de todos que queiram construir essa luta.

O Brasil tem um dos sistemas educacionais mais elitizados do mundo, onde apenas UM TERÇO DOS JOVENS CONCLUI O ENSINO MÉDIO E 15% ESTÃO NA UNIVERSIDADE.

Nos últimos anos, o processo de implementação da REFORMA UNIVERSITÁRIA tem desestruturado cada vez mais a qualidade da formação profissional das universidades públicas.  O REUNI (programa de Reforma Universitária para expansão da educação superior pública) é parte de um "pacotão" do Plano de Desenvolvimento da Educação implementado pelo governo Lula em 2007 para ampliação do ensino superior. Um programa baseado em metas onde os recursos oferecidos são claramente insuficientes para a expansão de vagas exigidas pelo governo. Com isso o número de vagas das universidades quase dobrou, mas sem um aumento proporcional do número de professores, corpo técnico-administrativo e ampliação física para atender a entrada desses novos alunos, o que coloca novos profissionais no mercado sem qualificação e preparo suficiente, sendo mão de obra barata para os patrões.

O REUNI apresenta os seguintes objetivos: elevar a taxa de conclusão dos cursos de graduação para 90%; aumentar o número de estudantes de graduação nas universidades federais; aumentar o número de alunos por professor em cada sala de aula da graduação; diversificar as modalidades dos cursos de graduação, através da flexibilização dos currículos, da criação dos cursos de curta duração e/ou ciclos (básico e profissional) e da educação a distância, incentivando a criação de um novo sistema de títulos e a mobilidade estudantil entre as instituições (públicas e/ou privadas) de ensino.

Esse programa tem levado a uma expansão sem qualidade.  Com tanta falta de verba estão transformando a universidade em um 'escolão' superlotado, onde vamos somente para assistir a uma aula sem que garanta-se a produção de conhecimento para sociedade.  Essa política precarizou o trabalho docente e a qualidade da formação profissional.

Neste momento o governo busca jogar nas costas dos trabalhadores o peso da crise econômica, aplicando suas medidas neoliberais de reformas sociais, arroxo salarial e cortes nas áreas sociais para garantir o pagamento dos juros da dívida pública. O corte de 5 bilhões de reais na Educação nos últimos dois anos e a proibição de concurso para professores efetivos para as IFES agravaram ainda mais esta realidade. Neste ano 47% dos recursos do orçamento geral da união vão pra pagar juros e amortizações da dívida pública, sendo 3,18% pra educação e 3,98% pra saúde. UM ABSUURDO!

Mas os Movimentos Sociais em defesa da educação pública já mostraram que não vão deixar isso barato. Já passamos de 30 universidades em greve, a indignação com a precarização do ensino superior público é de 100%. Devemos aproveitar esta conjuntura de lutas para construirmos uma maior articulação dos diversos movimentos em defesa da educação púbica, como um FÓRUM NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO ESTUDANTIL, onde possamos reunir toda a esquerda do Movimento (Oposição de Esquerda da UNE, ANEL, DCE, Executivas de Curso e grupos independentes) para tirarmos um calendário de lutas em comum em defesa da Educação Pública.

Um primeiro passo para uma articulação de todo o movimento será o ato conjunto no dia 5 de junho.  Mas precisamos ir além!  Precisamos no dia 5 estabelecer um meio de diálogo constante entre todas as universidades mobilizadas, através de uma grande plenária do movimento e da organização de um comitê de greve nacional.

É necessário também construirmos uma Greve Geral de todos os setores da educação, alunos, professores e servidores, do ensino básico ao superior. Barrar esta precarização e lutar pela qualidade da educação pública.  Nosso movimento precisa também se articular com outros setores do funcionalismo público, que sofrem como nós os ataques do governo, como cortes no orçamento das áreas sociais, congelamento de salários, retirada de direitos e repressão.


E eu me organizando posso desorganizar...?

Cada um de nós, quando chega na universidade, começa a se deparar com problemas que não são só nossos, mas da educação de forma geral. Acabamos enfrentando isso tudo sozinhos, encarando os problemas de forma individual.  Porém, temos a possibilidade de nos juntar e enfrentarmos esses problemas coletivamente.  Diante de todos os ataques que a educação pública vem sofrendo em nosso país, vemos a urgência de se organizar pela defesa e melhoria da qualidade do ensino e pelo acesso à universidade.

Dentro de um coletivo podemos lutar juntos, construindo as lutas junto com os CAs, DAs e DCEs. Porém podemos ir mais além da universidade e construirmos lutas com os movimentos sociais, sindicatos, e demais organizações da classe trabalhadora, defendendo os direitos e conquistas dos estudantes trabalhadores e filhos de trabalhadores. E é para isso que o COLETIVO CONSTRUÇÃO existe.

Somos um coletivo que luta pelos direitos dos estudantes e da juventude.  Lutamos coletivamente por uma educação pública de qualidade e com acesso a todos, por moradia estudantil, RU, por democracia nos órgãos de decisão na Universidade...    Unimos pessoas de dentro e de fora da Universidade para lutar por essas bandeiras e por outras que estão presentes em nosso dia-a-dia, como a luta contra as opressões, a luta pelo direito a moradia, a cultura, contra a repressão à organização dos trabalhadores...

Além disso, defendemos no Movimento Estudantil uma prática de construção coletiva e de democracia, contra atitudes prejudiciais que são frequentemente encontradas nos movimentos, como decisões tomadas por cúpulas em nome de todo o movimento e a autoconstrução de alguns grupos em detrimento da construção da mobilização.

O nome do nosso coletivo não é a toa, significa que estamos constantemente na CONSTRUÇÃO deste movimento, abertos a construir novas lutas em defesa dos direitos dos estudantes e da Juventude trabalhadora.  Com isso queremos convidar você a conhecer nossa atuação e fazer parte desta luta. Precisamos construir um movimento estudantil consequente, que avance nas conquistas e não cruze os braços perante o sucateamento da Educação pública e toda a negação dos direitos da juventude.

Participe da Plenária Nacional do COLETIVO CONSTRUÇÃO dia 5/06 na marcha em Brasília pela Educação pública! Entre em contato com a gente

PARTICIPE DA PLENÁRIA NACIONAL DO COLETIVO CONSTRUÇÃO DIA 5/06 NA MARCHA EM BRASÍLIA PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA! ENTRE EM CONTATO COM A GENTE E VENHA CONHECER NOSSA LUTA...



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