A atual política de segurança pública,
ratificada em 2008 com a implantação das primeiras UPP's é uma questão que
caminha ao lado do discurso de criminalização da classe trabalhadora. Alinhada
e legitimada pelo cada vez mais sufocante projeto de higienização social que
ocorre nas cidades do Brasil, essa política se constrói como o instrumento
repressor que alavanca e de fato coloca em prática a criminalização dos
movimentos sociais e da classe trabalhadora. Por meio de atuações de extrema
violência onde a lei se apresenta somente ao lado do acúmulo do capital, a
Polícia Militar age ao encontro dos ideais de seus antecessores históricos, os
Capitães do Mato. As periferias do Brasil sofreram diretamente o impacto dessa
guinada à maior repressão dada pela política de segurança pública, os
genocídios da população trabalhadora aumentaram em números expressivos enquanto
do outro lado havia uma crescente pressão midiática com uma avaliação positiva
dessas práticas, minimizando os inúmeros crimes cometidos ao longo do processo
cada vez mais intenso de aumento na violência policial.
A polícia militar é, por essência, a
instância de controle e coibição da emancipação de consciência da classe
trabalhadora e a esquerda de fato deve ser unir em prol dessa bandeira, e de
outras, em frentes amplas que trabalhem na conscientização dos trabalhadores e
na exposição do caráter dessa política que afeta diretamente o cotidiano da
população de todas as cidades. As melhoras apresentadas em percentuais dos
órgãos estatais se chocam com as informações de aumento substancial nos
homicídios e denúncias de abusos de autoridade.
Ainda há o aditivo, por parte da
política governamental, de uma justificativa relativa à guerra às drogas.
Guerra na qual o único que realmente sofre é o trabalhador brasileiro e onde o
debate que deve ser feito de fato - que é o antiproibicionista, trabalhando na
conscientização da população em relação ao preconceito e à desconstrução do
imaginário popular guiado pelas mídias burguesas - fica esquecido e não ganha
força para se opor a tal atrocidade.
E todas essas práticas são parte do
projeto de cidade imposto à nós, brasileiros, sem chance de negação. O projeto,
arquitetado e alavancado pelos megaeventos que irão ocorrer no Brasil, cria
verdadeiras práticas de higienização social onde se contam remoções, homicídios
e também questões mais gerais como a elitização dos espaços e a perda gradativa
do acesso à cidade, e que legitima toda a prática de segurança pública vista
nas entrelinhas das estatísticas oficiais.
A Polícia Militar nada mais é que um
instrumento de higienização social no processo de elitização que é acompanhado
atualmente. A mídia burguesa desempenha também um papel importante na
criminalização da juventude negra, com o objetivo de o tempo todo
descriminalizar os homicídios policiais e atrelar às vítimas ao tráfico (usando
o discurso da guerra às drogas) ou à ilegalidade. Tais medidas desesperadas são
velhos instrumentos do mesmo Estado que comanda a Polícia Militar, na tentativa
de velar o verdadeiro genocídio da classe trabalhadora que acontece nas
periferias de todo o Brasil. Um Estado onde a ilegalidade se calca no ser
pobre, no ser negro, no estar à margem. O Coletivo Nacional Construção apoia
veementemente a bandeira de desmilitarização da polícia e à luta contra a
criminalização dos movimentos sociais e da classe trabalhadora.
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