No Brasil, a
cada 15s uma mulher é violentada, segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2011). Segundo o Ministério da Saúde, em 2012, a cada
hora duas mulheres foram atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) com sinais
de violência sexual. Em MT, segundo a Secretaria
de Estado de Segurança Pública (SESP-MT, 2014), nos últimos dez anos, os casos de
estupro aumentaram 523%. Esses dados existem
por conta de registros que foram feitos nas delegacias e nos hospitais, mas sabemos
que existem muitos casos que não foram e nunca serão registrados.
O espaço
universitário, marcado pelo discurso acadêmico não está isento e nem alheio à
reprodução das relações de exploração e dominação que constituem as bases de nossa
atual sociedade. Uma série de práticas que, reproduzem de modo muito concreto as
relações de opressão (machismo, racismo, lesbo/homo/transfobia), evidenciam também
a coisificação do corpo da mulher.
Os trotes, as calouradas,
a semana dx calourx, que dizem respeito a um conjunto de atividades que demarcam
um ‘rito’ de passagem dxs sujeitxs à vida universitária, e que também se propõe
a ser uma ‘socialização’ desta pessoa ao ambiente em que está para adentrar,
são ótimos exemplos de práticas de reprodução de opressões.
Na maioria
delas, os meios de propaganda utilizados divulgam as festas e calouradas com
imagens de mulheres seminuas, acompanhado de slogans extremamente apelativos sexualmente,
que inferiorizam e coisificam a mulher e seu corpo. Então, a que tipo de socialização
se pretende com práticas como estas?
Sobre qual projeto de sociedade estamos falando quando práticas como
estas se institucionalizam na cultura universitária e se tornam ‘tradição’? Falamos então de uma produção cultural que dá
base para a continuação e perpetuação das mais variadas formas de violência
contra as mulheres.
Outra prática
que pode estar relacionada aos trotes, mas, que infelizmente não existe apenas nesse
‘rito’, que acompanham as mulheres em toda sua vivência universitária, é o assédio
sexual. O ato de deixar a mulher constrangida
para obter favorecimento sexual, comum em local de trabalho, escolas, sindicatos,
na Universidade, no Movimento Estudantil ou qualquer outro lugar, que acabe por
reproduzir essas relações hierárquicas.
A produção da violência
contra a mulher é lenta e sistemática, reproduzida diariamente na televisão, na
escola, nos livros de história, em piadas, nas formas como a mulher é representada
no mundo e como naturalizamos as supostas diferenças de gênero. Por isso, para
identificarmos as inúmeras violências cotidianas praticadas contra as mulheres
- no âmbito doméstico, político e institucional – é preciso aguçar o olhar e desnaturalizar
o que está posto!
A
Universidade, enquanto um espaço de reflexão, de difusão e de produção de conhecimento,
possui uma responsabilidade muito grande, a de ser socialmente referenciada. É seu papel construir políticas de
erradicação de todo tipo de opressão, inclusive de gênero. Sobretudo, é um espaço de disputa de poder, de
projeto de sociedade. Por isto, NÃO NOS CALEMOS!
A Campanha Contra Violência à Mulher:
Chega de Estupro na UFMT! Convoca a
todxs que acreditam
em possibilidades de
transformação desta realidade
e que não coadunam com o silenciar das mulheres!
A sua brincadeira serve de base para o machismo. O machismo mata.
Não permita jamais que silenciem você!
Cuiabá, 20 de maio de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário