Por Felipe Alencar (Estudante de Pedagogia da Unifesp, Coletivo
Construção-SP)
As jornadas de junho em 2013 ficaram para a história. A
juventude, o povo e os trabalhadores mostraram aos patrões e governos que
querem o atendimento de suas reivindicações.
O ano de 2014 já começou com muitas lutas estourando:
rolezinhos, revoltas populares nos bairros periféricos, manifestações dos
movimentos populares na luta por moradia, atos contra o aumento da passagem,
greve dos trabalhadores das universidades, dos Correios, a histórica greve dos
garis do Rio de Janeiro, e, claro, contra a Copa do Mundo.
Nós, do Coletivo Construção, refletimos sobre as lições das
jornadas de junho que, apesar de terem sido lutas massivas e combativas, elas
ocorreram de forma fragmentada. E já apontamos a importância de organizarmos um
Encontro Nacional dos Movimentos em Luta que possa traçar um programa unitário
para dar um passo qualitativo e coletivo para os momentos de luta que teremos
no Brasil, principalmente durante a Copa.
Parte desse processo se dará no Encontro Nacional do Espaço
Unidade de Ação, que ocorrerá no dia 22 de março de 2014, em São Paulo.
Convocado pela CSP-Conlutas, A CUT Pode Mais-RS, a Feraesp e o
setor majoritário da Condsef, esse encontro tem como objetivo avançar na
construção da unidade para fortalecer as lutas que estão em curso e que virão,
bem como para buscar a unificação dos calendários e bandeiras e realizar
grandes manifestações durante o período da Copa do Mundo. Nós assinamos a
convocatória com mais 25 entidades, sindicatos e coletivos.
Com a realização deste Encontro Nacional, será dado um
importante passo para a construção de uma alternativa política para o país.
Para nós, devem ser priorizados quatro eixos da luta: tarifa zero no transporte
coletivo, contra os despejos e demais consequências sociais da Copa do Mundo,
mais investimentos em saúde e educação e o fim da criminalização dos movimentos
sociais.
O Coletivo Construção sinaliza a importância de que este espaço
dê fôlego para organizar outro Encontro mais amplo, que possa traçar um
programa para além da Copa e a importância de uma greve geral de 24 horas, que
paralise a produção num dia nacional de lutas da juventude, dos trabalhadores e
do povo oprimido.
Da Copa eu abro mão! Quero dinheiro pra saúde, educação,
transporte e moradia!
Por um Encontro Nacional dos Movimentos em Luta!
Por uma Greve Geral de 24 horas!
Acesse a convocatória do Encontro assinada pelas entidades convocantes aqui
Leia abaixo a convocatória:
Reforçar a unidade para fortalecer a luta
BASTA DE PRIVILÉGIOS PARA A
FIFA, GRANDES EMPRESAS E BANCOS! QUEREMOS SAÚDE, EDUCAÇÃO, TRANSPORTE PÚBLICO,
MORADIA, REFORMA AGRÁRIA E RESPEITO AOS DIREITOS DO POVO
O país se prepara para a Copa do
Mundo em meio à expectativa de quem vai ser o novo campeão do futebol. Mas todo
o espetáculo da mídia não esconde uma certeza: o Brasil vai se consagrando como
campeão da desigualdade, injustiça, exploração e violência contra seu próprio
povo.
Em junho passado vivemos um
processo de mobilização social, com a juventude à frente, contestando o estado
de coisas que somos obrigados a suportar: o caos da saúde pública, o descaso
com a educação, a precariedade do transporte público. As autoridades fizeram
discursos e promessas. Mas nada mudou.
Os governantes sempre alegam que
falta dinheiro para investir e melhorar os serviços públicos. Mas, para os
poderosos, nunca faltam recursos públicos. A Copa do Mundo é só mais um exemplo
disso. Bilhões e bilhões de reais estão sendo despejados na construção de
estádios e nas mãos de empreiteiras. Impostos são reduzidos para grandes
empresas, benefícios são concedidos para os bancos e o agronegócio.
Enquanto isso, remoções forçadas
estão ocorrendo nos grandes centros urbanos. Na periferia das grandes cidades a
única presença visível do Estado é a da polícia, promovendo um verdadeiro
genocídio contra a juventude pobre e negra. O povo pobre precisa ocupar
terrenos para buscar o acesso à moradia.
Um processo de privatizações
gigantesco está em curso. O petróleo, portos, aeroportos, estradas,
metrô, ferrovias e hospitais universitários estão sendo entregues pelo governo
Dilma\PT a preço de banana para o capital privado. E, ao contrário da
propaganda oficial, os recursos daí advindos não vão para a educação nem para a
saúde.
O sucateamento dos serviços
públicos atinge fortemente os servidores das três esferas de governo, que se
veem desvalorizados e desrespeitados.
No campo, as grandes empresas do
agronegócio, em sua maioria multinacionais, assumem o controle das terras,
produzindo para exportação, enquanto o alimento fica mais caro em nosso país.
Massacram trabalhadores assalariados, destroem a agricultura familiar, dizimam
povos indígenas, atacam comunidades quilombolas. E tudo isso com apoio e
financiamento dos governos.
Dentro da classe trabalhadora, as
mulheres, negros e negras e LGBTs sofrem ainda mais, pois estão também sujeitos
a toda sorte de discriminação e violência. O Brasil é um dos países onde mais
se matam LGBTs no mundo; a violência contra a mulher aumenta a olhos vistos;
quilombolas e povos indígenas seguem tendo seus direitos originários
desrespeitados.
As mobilizações dos trabalhadores
e demais segmentos são violentamente atacadas pela polícia. Há um processo de
criminalização dos ativistas e jovens lutadores, com inquéritos policiais e
processos judiciais que já atingem milhares de pessoas, ataques ao direito de
greve e manifestação. Até o “rolezinho” dos jovens da periferia em shoppings
está sob a mira dos patrões e sua justiça.
Essa situação não é obra do
acaso, é fruto, principalmente, da ganância dos grandes empresários que
controlam essa sociedade capitalista em que vivemos. Mas é também resultado de
que os governos que temos no país. Os governos estaduais (PSDB, PMDB, DEM, PSB)
tratam jovens e trabalhadores que lutam como bandidos e caso de policia.
Infelizmente o governo Dilma segue o mesmo caminho, criminalizando os movimentos
nos estados e colocando forças militares federais também a serviço da repressão
das “forças oponentes”, como diz portaria do Ministério da Defesa.
NA COPA VAI TER LUTA!
Chega de dinheiro para a FIFA, grandes empresas e bancos
Recursos públicos para saúde, educação, moradia, transporte
público e reforma agrária!
Basta de violência e de criminalização das lutas populares!
Ditadura nunca mais!
A mudança deste cenário só virá
com a luta dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre. Precisamos voltar massivamente
às ruas, de forma organizada e tendo clareza de objetivos. Esse é o caminho
para acabar com os abusos e a exploração a que estamos submetidos. É com união,
organização e luta que vamos derrotar os ricos e poderosos.
A luta este ano já começou. Está
em curso a campanha nacional servidores públicos federais, trabalhadores em
educação preparam suas lutas nos estados, o mesmo ocorrendo com diversas outras
categorias. Diversas ocupações urbanas estão em curso e operários lutam em
defesa dos empregos na GM. Estão sendo preparadas as manifestações do dia
internacional da mulher e em protesto aos 50 anos do golpe militar de 1964.
As entidades que assinam essa
nota convidam a todas as organizações e movimentos sindicais, populares,
culturais, da juventude de luta contra as opressões, que compartilham essa
mesma compreensão para um encontro do mês de março. O objetivo é avançar na construção
da unidade e organização para fortalecer as lutas que estão em curso e para
buscar a unificação de calendários e bandeiras para uma grande jornada de
mobilizações em junho/julho, durante a Copa do Mundo.
Precisamos articular essas lutas
e voltar às ruas, realizando neste período grandes mobilizações sociais em todo
o país. Vamos mostrar ao mundo a realidade escondida pela propaganda oficial
mentirosa dos governos e da mídia. Vamos mostrar aos governos que não aceitamos
a continuidade desta situação. Vamos mostrar aos bancos e grandes empresas que
seus privilégios não podem continuar.
CHEGA DE DINHEIRO PARA A COPA,
FIFA E PARA AS GRANDES EMPRESAS! RECURSOS PÚBLICOS PARA A SAÚDE E EDUCAÇÃO! 10%
DO PIB PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA, JÁ! 10% DO ORÇAMENTO FEDERAL PARA A SAÚDE
PÚBLICA, JÁ!
CHEGA DE DINHEIRO PARA OS BANCOS!
SUSPENSÃO IMEDIATA DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS EXTERNA E INTERNA! DINHEIRO PARA A
MORADIA POPULAR E PARA O TRANSPORTE COLETIVO! TARIFA ZERO JÁ! TRANSPORTE E
MORADIA SÃO DIREITOS DE TODOS!
CHEGA DE ARROCHO SALARIAL E
DESRESPEITO AOS DIREITOS DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS! FIM DO FATOR
PREVIDENCIÁRIO! AUMENTO DAS APOSENTADORIAS! ANULAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA
DE 2003 E DO FUNPRESP!
RESPEITO AOS DIREITOS DOS
TRABALHADORES ASSALARIADOS DO CAMPO E AGRICULTORES FAMILIARES! REFORMA AGRÁRIA
E PRIORIDADE PARA A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS PARA O POVO!
CHEGA DE PRIVATIZAÇÕES!
REESTATIZAÇÃO DAS EMPRESAS PRIVATIZADAS! PETRÓLEO E PETROBRAS 100% ESTATAL!
ESTATIZAÇÃO DOS TRANSPORTES!
BASTA DE MACHISMO, RACISMO E
HOMOFOBIA!
BASTA DE VIOLÊNCIA, REPRESSÃO E
CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS SOCIAIS! DESMILITARIZAÇÃO DA PM! ARQUIVAMENTO DE
TODOS OS INQUÉRITOS E PROCESSOS CONTRA MOVIMENTOS SOCIAIS E ATIVISTAS!
LIBERDADE IMEDIATA PARA TODOS OS PRESOS! REVOGAÇÃO DAS LEIS QUE CRIMINALIZAM A
LUTA DOS TRABALHADORES E DA JUVENTUDE! DITADURA NUNCA MAIS!
Convocam:
CSP-Conlutas
A CUT
Pode Mais (RS)
Feraesp
Setor
Majoritário da Condsef
Fenasps
Andes-SN
Sinasefe
FNTIG
FNP
Conafer
Cobap
Asfoc
Sindicato
dos Metroviários de São Paulo
CPERS
Simpe
(RS)
APCEF
(RS)
Sindserf
(RS)
Sindjus
(RS)
Sindicato
dos Aeroviários (RS)
Anel
MTL
Luta
Popular
Quilombo
Raça e Classe
MML
Coletivo
Construção
Juntos
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